domingo, 16 de marzo de 2008

permanencias da intolerancia na História

por que ser antimperialista!!!

Porque apelo aos boicotes dos produtos dos EUA
- Por cada produto dos EUA que se compra, seja produzido directamente nos EUA ou sobre licença noutro país, uma percentagem do dinheiro serve para apoiar a máquina de guerra dos EUA. Esta máquina serve para criar, à força, novos mercados para os seus produtos. Desde o fim da segunda guerra mundial, os EUA têm estado em guerra de expansão económica contínua. A recente Guerra no Iraque e a anunciada guerra contra o Irão e Síria são apenas as últimas etapas do imperialismo económico dos EUA. É o consumidor que tem nas mãos o poder para recusar comprar produtos dos EUA, recusar alimentar a sua máquina de guerra, responsável pela morte de milhões de pessoas, de El Salvador ao Vietname. Nunca nenhuma destas intervenções militares dos EUA resultou na instauração de uma democracia, e com frequência resulta na queda de um governo democrático, como no Chile, ou na divisão de uma país, como na Coreia.
- Ao comprar produtos dos EUA está-se a apoiar um país que condena à morte menores de 18 anos, que executa pessoas com deficiências mentais, que condena a prisão perpétua pessoas que roubaram sem violência bens inferiores a 150 euros.
- Ao comprar produtos americanos está-se a apoiar a economia de um país que não reconhece a estrangeiros, incluindo portugueses, qualquer tipo de direito perante a lei. Se o Governo dos EUA assim o decidir, um português a viver ou a visitar os EUA pode ser preso sem mandato judicial, não tem direito a ser presente a um juiz, não pode contactar a família, não tem direito a advogado, não tem direito a contactar a embaixada, não tem direito a uma acusação formal, não tem direito a tradução dos procedimentos contra si. O Governo dos EUA tem ainda direito a abrir o correio dos emigrantes sem autorização judicial e a monitorizar os seus telefones, correio electrónico e contas bancárias. Como seria se não fossem nossos aliados...
- Os EUA acabaram de instaurar um regime de registo obrigatório de emigrantes de países árabes, reminescente do registo judeu antes da segunda guerra mundial. Existe ainda uma lista negra arbitrária e não contestável para pessoas, cidadãos e emigrantes, que passam a estar proibidas de andar de avião.
- Os EUA não respeitam legislação internacional de ambiente, não respeitam a Organização Mundial de Comércio, impondo tarifas unilaterais e ilegais a produtos portugueses, não respeitam os tratados que assinaram de controle de armas químicas e biológicas e anti-balísticos, não respeitam os direitos dos presos de guerra, torturando-os e mantendo-os em condições sub-humanas, como se vê na Baía de Guantanamo.
- a economia do EUA tem usado o seu poder persuasivo, conferido por todos nós ao consumirmos os seus produtos, para forçar países a liberalizar a água e electricidade. Estes serviços são então comprados por empresas como a Enron, forçando tarifas altíssimas aos consumidores, levando a população mais carecida a não conseguir pagar e a perder o acesso a água potável e electricidade. Isto para que as empresas americanas possam enriquecer os seus quadros executivos.
- nos últimos 20 anos, o salário médio de um chefe executivo de uma empresa dos EUA cresceu de cerca de 20 vezes o salário médio dos trabalhadores para cerca de 1000 vezes o salário médio dos trabalhadores. O teu dinheiro e o meu dinheiro servem para pagar num mês a um chefe executivo aquilo que nos levaria mais de 80 anos a ganhar!




Boicote à Máquina de Guerra dos EUA
O Império Unido Americano encontra-se em nova fase de expansão. O objectivo? Novos mercados para os seus produtos. A Excursão Imperialista no Iraque já custou a vida a milhares de pessoas, inocentes triturados na máquina de produção em cadeia do armamento dos EUA. Tudo isto é possível porque os EUA possuem as maiores e mais caras forças armadas do mundo, financiadas por uma economia multinacional que precisa de mim e de si para comprar os seus produtos.
Na década de 1980, o Império Soviético foi à falência e em pouco tempo deixou de ser uma força activa de destabilização da paz mundial. O mesmo pode acontecer com o Império dos EUA. Basta que a sua economia falhe. Basta que nós deixemos de consumir, tanto quanto possível, os seus produtos. E não se deixe levar pela retórica barata de quem quer manter o status quo. Este é um boicote anti-imperialismo dos EUA, não um boicote anti-EUA. Ninguém diz que este boicote será fácil. O nosso dia-a-dia está de tal forma dependente de produtos dos EUA que em muitas situações é difícil encontrar alternativas. Nestas situações não desperdice energias. Boicote sempre que possível, mas não boicote o seu boicote por tentar ir mais longe do que o seu tempo e energias permitem. No entanto esta dependência deve ser um aviso. É perigoso estar dependente de um país tão unilateralista e servidor dos seus interesses, sem respeito pela lei internacional ou seus aliados.
Se conseguir trocar permanentemente um ou dois produtos de empresas dos EUA por outros de outra proveniência está já a dar um importante contributo. Faça o seu melhor.

a construção da paz pelo amor resiste!!!

CULTURA PERIFÉRICA
Nas quebradas, toca Raul
Um bairro da Zona Sul de São Paulo vive a 1ª Mostra Cultural Arte dos Hippies. Na periferia, a pregação do amor e liberdade faz sentido. É lá que Raul Seixas continua bombando em shows imaginários, animando coros regados a vinho barato nas portas do metrô, evocando memórias e tramando futuros
Eleilson Leite

No próximo domingo, dia 9 de março vai acontecer a 1ª Mostra Cultural Arte dos Hippies. O evento terá lugar na Praça do Campo Limpo, gema da periferia da Zona Sul de São Paulo. A parada começa às 10h e segue até às 20h. A idéia, segundo os organizadores é reunir o maior número de “sobreviventes” da cultura hippie, promover uma feira, curtir um som e, com isso, reiniciar um movimento que teve seus tempos de glória, no Brasil, nos anos 70. Se nos EUA os hippies escolheram uma bucólica fazenda no Interior do Estado de Nova York para celebrar a paz e o amor, no final da década de 60, o Woodstock paulistano fica num dos picos periféricos mais adensados e conflituosos da Capital. Mas ser hippie hoje, em nossa terra, só na periferia. É na quebrada que a pregação do amor e da liberdade faz mais sentido. Tanto como valor intrínseco às comunidades , como demanda às autoridades. Mas ser hippie é coisa também de quem gosta do Raul Seixas — patrono do evento, juntamente com Bob Marley. Nada mais justo que essa homenagem ao Raul.

Raul Seixas já era um ídolo para os hippies dos anos 70 e 80. Mas virou um mito para parte da geração que tem hoje vinte e poucos anos e sequer viu uma apresentação do compositor baiano. O organizador da Mostra de Cultura Hippie, Valdecir Jr., conhecido como Jotta Erry, é um exemplo dessa rapaziada. Tem apenas 24 anos. E olha o perfil do cara. Terminou o segundo grau e ainda aspira à faculdade. Mora na periferia, trabalha na ONG Rede Rua, como educador junto às pessoas que vivem nas calçadas e sob viadutos. Jotta Erry é fã do Raul e toca reggae na banda Raízes de Javé. É um típico artista da periferia: talentoso, solidário, empreendedor e ativista. Quando o Raul morreu, tinha apenas 5 anos. Não pôde vê-lo em ação, mas embalará, com seu evento, os ideais da Sociedade Alternativa, defendida pelo seu ídolo.

Eu sou dos anos 80 e acabo de fazer 40. Vi dois shows do velho Raul. Sinto-me um privilegiado. Mesmo naquela época, era rara uma aparição do Maluco Beleza nos palcos. E quando aparecia, não era garantia que o show rolasse. Raul chegou a ser preso em 1982, acusado pela platéia de ser um impostor. A treta rolou em Caieiras, município da Grande São Paulo. Ele entrou no palco pra lá de bêbado e não conseguia lembrar as letras. A galera irada foi às vias de fato. Raul saiu escoltado e foi dar explicações na delegacia mais próxima. Parecia ser o fim.

Mas ele ressurgiu. No ano seguinte, no dia 26 de fevereiro, mais de 10 mil pessoas lotaram o ginásio do Palmeiras para ver o retorno épico de Raul Seixas. E eu estava lá. Havia acabado de fazer 15 anos. A platéia, ansiosa, alternava momentos de confiança e descrédito. O cara entrou no palco, já passava da meia noite. Se o Raul não aparecesse naquela noite, talvez o ginásio do Verdão viesse abaixo, literalmente. O público delirava e Raul, não bastasse o inusitado de sua presença, resolveu surpreender ainda mais. Com Tony Osanah na guitarra, e Miguel Cidras nos teclados, só tocou clássicos do rock norte-americano dos anos 50. Em tom professoral, introduziu sua aula: “o rock começou no Mississipi, nos anos 50 com Arthur Big Boy Grudup, que influenciou um cara chamado Elvis Presley com uma canção mais ou menos assim…”. E mandou My baby left me. E assim foi durante um pouco mais de uma hora. Nada de Gita, Maluco Beleza, Ouro de Tolo. O povo gostou, mas reclamou. No fim, valeu pelo momento histórico. Quem quiser conferir é só ouvir o CD lançado pela Eldorado contendo o registro deste show.

Raul morreu em agosto de 1989, e foi então que os universitários enterraram o cara mesmo. Mas acontecia um movimento inverso, nos bairros de periferia
Depois desta apresentação, mais um período de ostracismo e internações, até que Raul entrou em estúdio, depois de três anos sem gravar. Tirou do forno um grande disco. Trata-se do Raul Seixas, álbum que veio ancorado em dois mega sucessos: Carimbador Maluco e DDI, rocks bem ao estilo Raul, fã incondicional de Elvis Presley. Comprei o disco no dia em que chegou nas lojas. Lá no bairro, fui o primeiro a chegar com a novidade. Reunimos a galera e nos deliciamos com as novas canções. Raul estava de volta. E voltou com gás. Dava entrevistas, participava de sessões de autógrafos. Chegava três horas atrasado, é verdade, mas aparecia. Fui a uma dessas sessões, numa loja no Top Center na Av. Paulista. Estava marcado para as 11h. Negociei no trampo uma hora a mais de almoço. Cheguei pontualmente. A fila era enorme. Deu meio dia e nada. Muita gente desistiu. “O Raul não tem jeito” resignavam-se os fãs menos convictos. Meu acordo era de estar de volta ao escritório as 13h. Liguei em casa. Pedi para meu irmão de apenas doze anos vir me substituir na fila. Morava na periferia da Zona Norte. O moleque chegou as 13h20 e o Raulzito nada de aparecer. Tomei bronca do chefe e fiquei sem almoçar naquele dia. Lá pelas 14h30, liga o garoto. “E aí, ele apareceu?”, perguntei incrédulo. “Apareceu, mas o autógrafo ficou no meu nome”, respondeu o mano. Naquele dia entendi o significado da expressão “gozar com o pau dos outros”. Guardei a relíquia por muitos anos.

Não sei bem a data, mas fui ver o show de lançamento deste disco, agora, que ironia, no Ginásio do Corinthians. Era 1984. Raul faria apenas um show. Com ele, não tinha esse negócio de temporada. Tampouco, os empresários topavam qualquer acordo do gênero. O risco de furo era permanente. Novamente, casa lotada. Tinha quase 10 mil pessoas, imagino. Dessa vez, o público estava confiante. O Raul estava bombando nas rádios e na TV. Até no Balão Mágico, programa infantil da Globo, para o qual escreveu Carimbador Maluco, ele aparecia. Vivia um momento de astro. Na abertura, nada menos que as duas maiores bandas de rock da época: Tutti Fruti e Made in Brazil. Raul entrou triunfante no palco. Uma banda super afinada com Tony Osanah e Miguel Cidras novamente o acompanhando. Mandou super bem os sucessos do momento e do passado. Uma glória. Este era o velho Raul. O público curtiu sem muita ansiedade. O clima era de paz e amor. Acabado o espetáculo, a multidão saiu pelas ruas do Tatuapé, como se estivesse numa procissão. Um puxava os primeiros versos de uma canção e os demais seguiam em coro. Muita gente sentou na porta da estação do Belém do Metrô e por ali ficou até as 5h esperando o portão abrir, cantarolando Raul sem parar, em rodas regadas a vinho Natal, comprado nos butecos especializados em atender os insones que vagueiam na madrugada. Eu subi num buzão na Av. Celso Garcia. Segui para o Centro e de lá, as 4h peguei o Negreiro, nome que se dava ao ônibus que cobria a rota para as periferias depois da meia noite. Percebi que muita gente fazia o mesmo itinerário.

Quando entrei na USP, em 1988, comprovei que a classe média ilustrada e politizada torcia o nariz para o Raul Seixas. O pessoal gostava dos medalhões da MPB (Chico, Caetano, Gil, Milton, etc.) e da Vanguarda Paulistana, que ainda gozava de amplo prestígio: Arrigo Barnabé, Itamar Assunção, Premeditando o Breque entre outros. Rock? Ah, era a nova geração: Titãs, Paralamas, Legião Urbana, Barão Vermelho, Lobão e toda essa galera. Bom. Eu gostava de tudo isso, mas não tirava o Raul do topo de minhas preferências. Sentia-me meio um ET, nas conversas na mesa do bar. Saquei que meu apreço pela Raul tinha a ver com minha procedência. Muitas vezes, eu era o único ali que veio do subúrbio. Ser da periferia na USP, naquele tempo, era algo tão improvável que até moradia estudantil eu consegui. Lembro-me que a assistente social foi até em casa para checar minhas “condições de vida”. Assinou na hora a aprovação de minha vaga no CRUSP e ainda me deu bolsa-alimentação.

Para meus amigos, curtir Raul era coisa de “bicho grilo”, expressão desdenhosa para se referir aos hippies que insistiam em manter a conduta paz e amor. O Raul morreu em agosto de 1989, e aí que os universitários enterraram o cara mesmo. Mas acontecia um movimento inverso, nos bairros de periferia. Crescia a legião de fãs do Maluco Beleza. E muitos jovens aderiram à Raulmania, formando fãs-clubes, grupos de discussão sobre a Sociedade Alternativa, e tudo mais. Olha que louco! Essa galera saía em bandos para ver shows de artistas covers do Raul. Em apresentações de outros artistas era comum gritarem do meio da platéia: “Toca Raul!”. Virou um bordão. O Zeca Baleiro tem brincado com isso em seus shows. No programa BR 102 da Rádio Kiss FM tem lá uma seção “Toca Raul!”. Outro dia fui ver uma apresentação de um cover do Raul no Ibira Moto Point, encontro semanal de motoqueiros no Ginásio do Ibirapuera. Tinha uma multidão. A rapaziada era toda da periferia. Entrei no meio e curti um bocado. Notei que lembrava a letra inteira de dezenas de canções. Tornar-se fã do Raul é como andar de bicicleta. Você pode ficar um tempo inativo, mas não capota da magrela nunca mais.

Que bom ver agora esta belíssima iniciativa da Primeira Mostra Cultural Arte dos Hippies, que vai rolar no Campo Limpo, no próximo domingo. Entre as 8 bandas programadas para subir no palco evento, uma delas só toca Raul. É a Tecora. Todas as demais são de Reggae. Jotta Erry me explicou que os hippies estão muito ligados no som da Jamaica. “O reggae virou a trilha sonora dos que seguem o estilo de vida hippie”, diz o educador. Mas o Raul está no coração de todos e é inspiração permanente. “A galera se reúne em grupos e nas rodas só dá Raul”, completa Jotta Erry. O Maluco Beleza estará onipresente. Raul Seixas continua sendo negligenciado ou mal-compreendido pela elite, pela intelectualidade. Mas na periferia, ele é reverenciado. Toca Raul!

Mais:
1ª Mostra Cultural Arte dos Hippies:
Dia 09/03 (domingo), das 10h às 20h.
Praça do Campo Limpo - Estrada do Campo Limpo s/n.
Entrada franca. (11) 9969-3181 c/ JottaErry.
bandaraizesdejave@yahoo.com.br

Agenda Cultural da Periferia: Para baixar (formato pdf), clique aqui

Eleilson Leite é colunista do Caderno Brasil de Le Monde Diplomatique. Edições anteriores da coluna:

No mundo da cultura, o centro está em toda parte
Estamos dispostos a discutir a cultura dos subúrbios; indagar se ela, além de afirmação política, está produzindo inovações estéticas. Mas não aceitamos fazê-lo a partir de uma visão hierarquizada de cultura: popular-erudita, alta-baixa. Alguns espetáculos em cartaz ajudam a abrir o bom debate


Do tambor ao toca-discos
No momento de maior prestígio dos DJs, evento hip-hop comandado por Erry-G resgata o elo entre as pick-ups, a batida Dub da Jamaica e a percussão africana. Apresentação ressalta importância dos discos de vinil e a luta para manter única fábrica brasileira que os produz


Pirapora, onde pulsa o samba paulista
Aqui, romeiros e sambistas, devotos e profanos lançaram sementes para o carnaval de rua, num fenômeno que entusiasmou Mário de Andrade. Aqui, o samba dos mestres (como Osvaldinho da Cuíca) vibra, e animará quatro dias de folia. Aqui, a 45 minutos do centro da metrópole


São Paulo, 454: a periferia toma conta
Em vez de voltar ao Mercadão, conheça este ano, na festa da cidade, Espaço Maloca, Biblioteca Suburbano Convicto, Buteco do Timaia. Delicie-se no Panelafro, Saboeiro, Bar do Binho. Ignorada pela mídia, a parte de Sampa onde estão 63% dos habitantes é um mundo cultural rico, diverso e vibrante


2007: a profecia se fez como previsto
Há uma década, os Racionais lançavam Sobrevivendo no Inferno, seu CD-Manifesto. O rap vale mais que uma metralhadora. Os quatro pretos periféricos demarcaram um território, mostrando que as quebradas são capazes de inverter o jogo, e o ácido da poesia pode corroer o sistema


No meio de uma gente tão modesta
Milhares de pessoas reúnem-se todas as semanas nas quebradas, em torno das rodas de samba. Filho da dor, mas pai do prazer, o ritmo é o manto simbólico que anima as comunidades a valorizar o que são, multiplica pertencimentos e sugere ser livre como uma pipa nos céus da perifa

A dor e a delícia de ser negro
Dia da Consciência Negra desencadeia, em São Paulo, semana completa de manifestações artísticas. Nosso roteiro destaca parte da programação, que se repete em muitas outras cidades e volta a realçar emergência, diversidade e brilho da cultura periférica

Onde mora a poesia
Invariavelmente realizados em botecos, os saraus da periferia são despojados de requintes. Mas são muito rigorosos quanto aos rituais de pertencimento e ao acolhimento. Enganam-se aqueles que vêem esses encontros como algo furtivo e desprovido de rigores

O biscoito fino das quebradas
Semana de Arte Moderna da Periferia começa dia 4/11, em São Paulo. Programa desmente estereótipos que reduzem favela a violência, e revela produção cultural refinada, não-panfletária, capaz questionar a injustiça com a arma aguda da criação

A arte que liberta não pode vir da mão que escraviza
Vem aí Semana de Arte Moderna da Periferia. Iniciativa recupera radicalidade de 1922 e da Tropicália, mas afirma, além disso, Brasil que já não se espelha nas elites, nem aceita ser subalterno a elas. Diplô abre coluna quinzenal sobre cultura periférica


extraído de: http://diplo.uol.com.br/2008-03,a2257

domingo, 9 de marzo de 2008

Evo Morales fala sobre América Latina

Entrevista con Evo Morales

"Hemos llegado al gobierno pero no tenemos el poder todavía"

Néstor Kohan e Itai Hagman

AMAUTA

En plena efervescencia política, el colectivo AMAUTA de Argentina ha sido
invitado a Bolivia para inaugurar varias Cátedras Che Guevara y Escuelas de
Formación Política. Dos de ellas fueron organizadas por compañeros del MAS
(incluyendo desde diputados y equipos de gobierno hasta militantes de base).
La otra por la organización Patria Insurgente. Más allá de los matices
políticos de estas diversas iniciativas, AMAUTA se encontró en todos esos
espacios con antiguos militantes y combatientes del ELN (Ejército de
Liberación Nacional), fundado por el Che Guevara y sus compañeros. Algunos
de ellos lo conocieron personalmente a Robi Santucho. Otros lucharon en
Chile, en Nicaragua y en otros países. No resulta casual que en las diversas
lecturas del proceso político y social que actualmente vive Bolivia, la
herencia del Che Guevara continúa inspirando los anhelos y proyectos de
transformación social radical.

Bolivia se encuentra hoy en medio de un agudo conflicto político donde la
derecha más recalcitrante, alentada y asesorada por la CIA y la USAID,
pretende independizarse y lanzar una insurrección armada
contrarrevolucionaria al estilo del golpe de Estado que los escuálidos
organizaron en Venezuela en el año 2002.

Solidarios con el proceso de transformación social recién iniciado por
nuestros hermanos bolivianos, además de inaugurar varias Cátedras Che
Guevara, nuestro colectivo participó en las manifestaciones callejeras.
Portando en conjunto la bandera internacionalista de AMAUTA militantes
argentinos y hermanos bolivianos marchamos por La Paz, todos entremezclados
con las nutridas columnas de los mineros (que hacían tronar sus dinamitas),
los campesinos, las comunidades indígenas y compañeros de la Universidad
Nacional de la mina Siglo XX, formada por la Federación de Mineros. Lo
hicimos convencidos que nuestra lucha antimperialista y por el socialismo es
continental y abarca toda la patria grande. Nuestro campo de batalla alcanza
todo el mundo. El deber de todo revolucionario es hacer la revolución. No
hay fronteras en esta lucha a muerte. Cada destacamento constituye apenas
una pequeña parte de un movimiento internacionalista de alcance continental
que recién comienza a gestarse con nuevas generaciones. Las luchas más
radicales todavía no han empezado. Nada de nostalgias paralizantes. Lo mejor
está por delante. Como parte de esas muchas actividades realizamos una
entrevista con el compañero Evo Morales, que a continuación reproducimos [en
la entrevista también estuvieron presentes compañeros de la agencia de
noticias argentina Bolibar].

AMAUTA: Nosotros formamos parte de la Cátedra Che Guevara de Buenos Aires y
hemos venido invitados a Bolivia a inaugurar diversas Cátedras Che Guevara.
Nos gustaría saber cuándo fue la primera vez que usted escuchó hablar del
Che. ¿Cómo lo recuerda?

Evo Morales: La primera vez que escuché hablar del Che Guevara fue en el
Chapare. Si no recuerdo mal fue en el año 1980, cuando yo tenía 18 ó 19
años.

AMAUTA: ¿Quién le habló por primera vez del Che? ¿Compañeros de militancia?
¿La familia?

Evo Morales: Fueron compañeros de militancia. Eran dirigentes sindicales. En
1980, en plena dictadura militar de García Meza. Tuvimos un gran problema. A
un hermano lo quemaron vivo. Fue el equipo de lucha contra el narcotráfico,
narcóticos, la estructura de represión de Luis García Meza Tejada, el
general golpista que ahora está en la cárcel en Chonchocorro. Hasta ese
momento yo tenía la idea de que el presidente, aunque fuera dictador o
demócrata, era presidente para mí. El presidente tenía que ser el padre de
todos los bolivianos. ¿Cómo el funcionario del presidente va a hacer quemar
a su pueblo, a su hijo? ¡Yo no lo podía entender! Yo estaba en la cancha de
fútbol, con un grupo de jóvenes... El dirigente del sindicato llama y
convoca a una reunión de emergencia, dice que hay que salir a una marcha,
que han quemado a un hermano de un sindicato. ¡Yo no lo podía entender!
¿Cómo el presidente podía hacer quemar al pueblo? Los jóvenes que jugábamos
al fútbol decidimos que había que apoyar al sindicato y decidimos ir a la
marcha. Ya en la concentración nos preguntamos qué podíamos hacer. Había
unos calendarios grandes, con la plata de Estados Unidos, de USAID...
entonces en esos cartones, del lado que estaban vacíos escribimos VIVAN LOS
DERECHOS HUMANOS, RESPETO A LOS DERECHOS HUMANOS, empapelamos el carro para
ir a la concentración. Era quizás la mejor delegación que llegaba a esa
concentración por los derechos humanos y en repudio a esa acción de quemar
vivo a un hermano. Y ahí aparece un dirigente hablando del Che, nos dice que
el Che estaba por Chapare... que había un compañerito viejito que todavía
estaba vivo y siempre hablaba del Che. Parece que había un dirigente
sindical, un tal Vargas, que murió por allá y estaba planificando para que
el Che entre a la zona del Chapare. Casi todos estaban muertos los que
hablaban del Che. Entonces era muy interesante todo eso... ahí empecé a
profundizar, a comprar unos libros, pero... ¡esos libros hablaban todo lo
contrario del Che! [risas]. Y entonces luego compré otros libros que
hablaban bien del Che y me encantaron.

AMAUTA: ¿Qué opinión tiene hoy del Che Guevara?

Evo Morales: Yo creo que el Che Guevara fue, es y seguirá siendo el símbolo
de las revoluciones en todo el mundo.

AMAUTA: ¿Y qué opina de su compañero, Fidel Castro, quien se acaba de retirar
del gobierno de Cuba?

Evo Morales: Tanto Fidel como el Che serán dos yuntas, serán los dos grandes
símbolos en todo el mundo...

AMAUTA: Usted conoció a Fidel personalmente...

Evo Morales: Sí, varias veces.

AMAUTA: ¿Qué opinión tiene de él?

Evo Morales: Yo creo que es un maestro, un sabio. Es el mejor "médico" del
mundo. Yo llegué a la conclusión, a partir de la colaboración del pueblo
cubano, de su gobierno y de su comandante con el pueblo boliviano que el
país más humillado, reprimido y bloqueado por el imperio es el más solidario
con los pueblos del mundo.

AMAUTA: En la lucha actual de los pueblos del mundo, incluido el pueblo
boliviano, la lucha contra el imperialismo y la defensa de los recursos
naturales es fundamental. ¿Qué relación tiene el actual gobierno de Bolivia
con las empresas petroleras multinacionales?

Evo Morales: Lo que dijimos durante la campaña electoral: sobre nuestros
recursos naturales queremos socios... ¡no patrones! En el primer año, cuando
nacionalizamos durante el 2006, hubo mucha susceptibilidad. En el 2007
consolidamos los nuevos contratos y ahora pasamos al tema de inversión. Hay
relaciones no siempre tan confiables con algunas empresas.

AMAUTA: ¿Hay alguna perspectiva de nacionalizarlas?

Evo Morales: La nacionalización consiste en que el Estado asuma el control
efectivo de sus recursos de gas e hidrocarburos. Hubo récords de inversión.
En 1998 hubo 600 millones de dólares de inversión, en el marco de la
privatización, mal llamada "capitalización". Ahora, en cambio, entre el
Estado y las empresas tenemos 2.300 millones de dólares de inversión para el
sector hidrocarburífero.

AMAUTA: ¿Hay posibilidad de nacionalizar las empresas privadas en el área de
los hidrocarburos?

Evo Morales: Una cosa es que pase a propiedad de los bolivianos los
hidrocarburos y el gas y otra cosa es la inversión privada, por decir en
ductos. Si hay inversión respectamos esa inversión. Cualquier inversionista
tiene todo el derecho de invertir, recuperar su inversión y tener derecho a
las utilidades. En eso somos respetuosos, pero en el tema gas y en el tema
petróleo, el pueblo boliviano tiene la mayor propiedad. Eso es lo que hemos
nacionalizado. Lo que hemos cambiado es que antes el 18% quedaba para el
pueblo boliviano y el 82% se lo llevaban las grandes empresas. Nosotros
hemos invertido esa relación. Ahora el pueblo boliviano se queda con el 82%
y a las empresas les corresponde el 18%. En cuanto a este tema, en el año
2005 ¿cuánto ingresaba al tesoro del Estado? Pues 300 millones de dólares
por hidrocarburos. El año pasado llegamos a 1.930 millones de dólares. Con
lo que nos debe Brasil, el año pasado hemos recibido 2.300 millones de
dólares por los hidrocarburos. ¡Esa es la nacionalización! De esos recursos
y esa renta nacionalizada hemos destinado una parte importante a un bono
popular, el bono Juancito Pinto, destinado a la niñez. Eso significó una
revolución social.

AMAUTA: ¿Cuáles son los principales problemas que afronta el gobierno?

Evo Morales: Uno de nuestros problema está en la fiscalización. Ahí tengo un
problema. En el marco de la austeridad yo me rebajé mi sueldo de 40.000
bolivianos a 15.000 bolivianos. Hay algunos "expertos" en el tema de
hidrocarburos que no están dispuestos a ganar menos que el presidente. Como
ganan más de 50.000 bolivianos se van a trabajar a las multinacionales. Yo
siento que nuestras universidades públicas no forman patriotas. Forman
profesionales por la plata y no por la patria. Por esa razones tenemos
nuestra debilidad. Estamos debatiendo. Necesitamos definir políticas,
proyectos y programas para la industrialización. El próximo año debe ser el
año de la industrialización. Ya estamos sentando algunas bases en ese
sentido. Estamos buscando socios, como Estado, básicamente entre otras
empresas de Estado.

AMAUTA: ¿Qué sucede con el problema de la tierra, con los procesos de reforma
y revolución agraria?

Evo Morales: Bueno, hay una profunda diferencia entre la reforma agraria y la
revolución agraria. La reforma agraria de 1952 y 1953 (1) se ha producido
bajo un levantamiento permanente indígena, con fusil al hombro, que obligó a
los partidos y gobiernos de turno a realizar una reforma agraria. Pero esa
reforma agraria de 1952 ha dejado minifundios, surcofundios, latifundios
(sobre todo en el oriente boliviano)... Nosotros ahora, dentro de una
revolución agraria nos hemos planteado la redistribución de la tierra. En
dos años hemos llegado a redistribuir más de 10 millones de hectáreas, a
nivel titular. Mientras que los gobiernos anteriores, a lo largo de 10 años
llegaron a sanear 10 millones. Nosotros lo hicimos en dos años. A ellos cada
hectárea saneada les costó diez dólares, a nosotros nos constó un dólar por
hectárea. ¡Una tremenda diferencia! La revolución agraria tiene cuatro
componentes: la redistribución, acabar con el latifundio (improductivo,
especialmente), luego la mecanización (entregamos más de mil tractores), los
créditos y la apuesta por productos ecológicos. También está el tema del
comercio. Frente a los tratados de Libre Comercio (TLC), hemos tratado de
promover un tratado de comercio justo entre los pueblos (TCP), que nos está
costando un poco implementarlo.

AMAUTA: ¿Qué relación guarda ese tipo de tratados con el ALBA?

Evo Morales: Son parte: el ALBA contra el ALCA, y el TCP contra el TLC. El
ALBA y el TCP son dos yuntas que trabajan en la misma dirección.

AMAUTA: Actualmente Bolivia vive la reacción de las regiones conocidas como
la medialuna, aquellas regiones autonómicas y separatistas gobernadas por la
derecha que no aceptan subordinarse al gobierno central. Si estas regiones
se sublevan y deciden declarar su autonomía e independencia, rompiendo la
unidad nacional del estado boliviano, al estilo de Kosovo y bajo influencia
norteamericana, ¿el gobierno central, el gobierno del MAS, tienen fuerza
suficiente como para imponerse a esa desestabilización promovida por la
derecha?

Evo Morales: Hay que recordar que el poder es del pueblo, no del gobierno del
MAS ni de Evo Morales. Hemos llegado al gobierno pero no tenemos el poder
todavía. Estamos en un proceso en el cual hay que pensar como construir el
poder del pueblo, yo creo en las fuerzas sociales.

AMAUTA: ¿Esas fuerzas sociales cómo operarían frente a un posible
levantamiento insurreccional de la derecha?

Evo Morales: Habría que preguntarle a ellas cómo operarían...

AMAUTA: Qué función cumplirían las Fuerzas Armadas en ese conflicto?

Evo Morales: Hasta ahora están muy identificados. Yo me he impresionado, pese
a que todos los altos mandos militares son mis mayores... En la cultura
andina, en la cultura indígena, un menor no puede dirigir a una persona
mayor. Yo doy sugerencias, no tengo ese carácter de dar instrucciones.
Aunque como capitán general de las Fuerzas Armadas de la nación yo podría
dar instrucciones. ¿Por qué tienen respeto? Yo he prestado mi servicio
militar obligatorio. Casi todos los presidentes nunca han ido a los
cuarteles, no han prestado servicio militar. Como presidentes mandaban e
instruían, utilizaban políticamente, no respetaban la institucionalidad. Yo,
Evo, como ex soldado, respeto y me hago respetar. Los militares respetan
entonces la institucionalidad.

AMAUTA: ¿No hay peligro de golpe de Estado?

Evo Morales: Bueno, ¿quién podría garantizar eso? Pero hasta ahora no tengo
nada de qué quejarme de las Fuerzas armadas, ya que respetan la
institucionalidad. Pero lo importante que hay que destacar es que nuestro
gobierno respeta y defiende las autonomías pero se opone al separatismo,
bandera de las derechas oligárquicas y racistas. Esas derechas, sobre todo
de Santa Cruz de la Sierra donde no todo el pueblo sino pequeños grupos, a
mí me dicen "mono", "indio", "macaco"... Cuando las derechas separatistas me
pedían un referendum revocatorio yo les contesté: "¿por qué no nos sometemos
todos a un referéndum revocatorio?" Ellos se asustaron y no quisieron. La
gente de Santa Cruz promovía de manera ilegal un estatuto autonómico.
Después de que perdieron la "mamadera" a nivel nacional, ahora quieren
seguir mamando a nivel departamental para no perder la mamadera por
completo. Eso a nivel económico. A nivel político el problema para ellos es
Evo Morales. No aceptan que un indio gobierne Bolivia. Hay una cuestión de
codicia, de envidia, de poder. Ellos, la derecha, utilizan el problema de la
autonomía y la capitalidad para mantener sus cuotas de poder. Por eso, con
todo el pueblo movilizado, hemos impulsado que el Congreso apruebe una
convocatoria a un referéndum para que todo el pueblo se exprese sobre la
nueva constitución política del Estado boliviano. Esta constitución
garantiza la autonomía pero rechaza el separatismo. El estatuto autonómico
tiene consecuencias como la siguiente: si un argentino llega a Santa Cruz y
quiere adquirir derechos políticos, lo tiene que hacer como cruceño, no como
boliviano. Lo mismo en el tema tierras, que según esos estatutos serían de
propiedad departamental y no de todos los bolivianos y bolivianas. Entonces
la nueva constitución garantiza autonomía e igualdad entre todos los
departamentos pero en el marco de la unidad nacional. Se va a garantizar la
autonomía: autonomía como comunidad, pero sin independencia, separación ni
desmembramiento de Bolivia. El reclamo separatista no le pertenece a todo
Santa Cruz sino a una minoría. Y la dinámica de las mayorías y las minorías
es importada. En las comunidades se funciona de otra manera, allí es por
consenso, no por mayoría y minoría.

AMAUTA: Estados Unidos está jugando un papel muy activo en esta demanda de
autonomía separatista. ¿Cómo visualiza usted ese rol del imperialismo
norteamericano en Bolivia?

Evo Morales: La responsabilidad de los diplomáticos es hacer diplomacia,
comercio, etc, no hacer política. Pero el embajador de Estados Unidos en
Bolivia hace política. Incluso el embajador de EEUU está en Santa Cruz, no
en La Paz. Sus operaciones son muy sospechosas pero poco a poco le vamos
cortando las alas. Hemos tenido muchos problemas con la embajada de EEUU y
con USAID. Esta institución norteamericana convoca a las ONGs y les ofrece
plata con la condición de que hagan oposición a Evo Morales. A algunos
dirigentes campesinos les daban 2.500 ó 3.000 dólares al mes... y cuando
nosotros hablábamos con estos compañeros nos decían "hay que aprovechar la
plata de los gringos". A Algunas organizaciones les han dado hasta 20.000
dólares con la condición de que no aprueben a Evo Morales. Las ONGs se meten
para manejar ese dinero. También hay muchos otros problemas como el
espionaje. La CIA también está metida. Pero en resumen el embajador de EEUU
con todos sus equipos, encabezan la conspiración contra el gobierno de Evo
Morales. Nosotros tenemos el derecho de garantizar el respeto mutuo entre
ambos países.

AMAUTA: Los norteamericanos tienen bases militares en Bolivia, ¿no es cierto?

Evo Morales: En algunos aeropuertos de Bolivia ellos tienen hangares
cerrados...

AMAUTA: ¿hay posibilidades de que se vayan?

Evo Morales: Estamos viendo, es todo un proceso, pero ya no es como antes.
Antes la DEA operaba, controlaba en los retenes, comandaba en las Fuerzas
Armadas y en la policía pero eso se terminó. Si están por allí en algunos
aeropuertos se ocultan, filman o toman fotografías... creen que no me doy
cuenta, pero ¡me doy cuenta! Algunas veces les hemos dicho al oficial
boliviano que dejen de sacar fotografías. Ellos se escapan, se ocultan.
Vamos a seguir revisando convenios. Pero es un proceso. No podemos creer que
todos los funcionarios en el Estado boliviano son hoy revolucionarios.
Tenemos que hacerlo con tiempo. Lo importante es que nosotros tenemos pleno
derecho de hacernos respetar frente a la injerencia de Estados Unidos.

NOTAS

(1) Sobre los procesos sociales y políticos que Bolivia experimentó a partir
de 1952, recomendamos consultar el libro La revolución boliviana de 1952 de
Noel Pérez (compañero integrante del Colectivo AMAUTA). La Habana, Ocean Sur
[Colección «Historias desde abajo»], de próxima aparición.

LA ULTIMA ENTREVISTA DE UM GUERRILHEIRO!!!

A última entrevista do Comandante Raúl Reyes
por Aníbal Garzón & Ingrid Storgen [*]

O Comandante Raúl Reyes tombou no dia 1 de Março de 2008, juntamente com 17 guerrilheiros das FARC-EP. Caíram vítimas do bombardeamento da Força Aérea Colombiana que destruiu o seu acampamento, ao Sul do Rio Putumayo. Esta acção confirma a criminalidade do governo fascista de Uribe, que tudo faz para sabotar saídas pacíficas para a situação colombiana. Ao recusar todas as gestões para a troca de prisioneiros de guerra e apostar tudo na solução militar o governo uribista põe em risco a vida dos prisioneiros e agrava a situação. O humanismo das FARC demonstrou-se no facto de – para libertarem prisioneiros e cumprirem a promessa feita ao Presidente Chávez – se terem arriscado a que os seus acampamentos fossem localizados através da espionagem electrónica das suas comunicações e dos satélites-sensores do imperialismo. Este risco foi excessivo, como agora se viu.
A entrevista que se segue foi a última concedida pelo Cmte. Raúl Reyes, na ante-véspera da sua queda em combate. Resistir.info presta homenagem a esta grande figura histórica de dimensão internacional.
Aníbal Garzón e Ingrid Storgen: Quando se pôs em andamento a famosa "Operação Emmanuel" acabou por ser preciso atrasá-la devido a operações militares estatais realizada próximo do lugar onde iam ser feitas as libertações. Que objectivo acreditam as FARC que poderia existir por trás da táctica militarista de Uribe ao realizar tais actividades em pleno lugar da operação (no Departamento de Meta) ponde em perigo a vida dos reféns?

Raúl Reyes: Por trás da táctica militarista de Uribe de impedir a libertação destes prisioneiros, sãos e salvos, está a absoluta recusa deste governo à troca e às saídas concertadas. Em nada lhe importa por em grave risco a vida dos prisioneiros. Finalmente, são mais de cinco anos sem que este governo se tenha interessado em facilitar a libertação desta gente. A assinatura do acordo humanitário requer a evacuação (despeje) dos municípios de Pradera e Florida, garantia negada pelo presidente Uribe e sem a qual as FARC não aceitam entrevistas com funcionários do governo actual em nenhum lugar.

A.G e I.S: Que mudança produziria nas FARC, e no contexto colombiano em geral, se se cumprisse a proposta de Chávez de conceder o status de actor beligente num conflito armado nacional e de repercussão internacional.

R.R: O reconhecimento de beligerância proposto pelo Presidente Hugo Chávez exprime o conhecimento cabal do conflito interno colombiano. Cuja solução definitória requer saídas políticas e reconhecer a existência de dois exército enfrentados por interesses políticos, sociais e económicos muito diferentes. O exército oficial, apoiado no paramilitarismo de Estado, e do outro lado o exército formado pelas guerrilhas revolucionárias das FARC e do ELN. A troca, ou intercâmbio de prisioneiros, será feita entre o governo e as FARC. Um dos entraves interpostos pelo governo colombiano para firmar acordos com a insurgência revolucionária é negar a sua existência histórica na vida política da Colômbia. Obstina-se em fechar os olhos perante uma realidade que o presidente Chávez, sim, observa com critério bolivariano e com o seu empenho generoso de trazer a paz aos colombianos. Em lugar algum do mundo é possível conseguir a reconciliação e a paz entre os contendores sem reconhecer a existência do adversário político.

A.G e I.S: Que opinião tem quanto ao movimento havido, a nível nacional e com internacionais, no passado 4 de Fevereiro de recusa às FARC. Que comparação se pode fazer a resposta a esse movimento anunciada para 6 de Março (Movimento Vítimas de Crimes de Estado)?

R.R.: A marcha de 4 de Fevereiro último foi organizada, promovida e financiada pelo governo de Álvaro Uribe. Ela contou com a contribuição dos meios de comunicação, os paramilitares conclamaram a dela participar. Os funcionários e empregados oficiais estatais foram forçados a vincular-se à mesma. As embaixadas e os consulados receberam instruções do Ministério dos Negócios Estrangeiros para participar na marcha e solicitar aos seus amigos apoios em cada país. É a marcha do governo da para-política contra a troca ou intercâmbio de prisioneiros e contra a busca da paz. Com o propósito de gerar ambiente nacional e internacional para promover a segunda reeleição de Álvaro Uribe.

A.G e I.S.: Foi divulgado que as FARC vão elaborar uma nova libertação de três ou quatro presos políticos[1]. Que objectivo se procura com isso, tanto a nível nacional como internacional? Acredita-se que haverá alguma resposta de Uribe?

R.R.: A libertação dos ex-congressistas Luis Eladio Pérez, Gloria Polanco, Orlando Beltrán e Jorge Eduardo Gechen Turbay e anteriormente de Consuelo González e de Clara Rojas é o resultado da persistência humanitária e da sincera preocupação pela paz na Colômbia do Presidente Hugo Chávez e da Senadora Piedade Córdoba. Também é a mais contundente manifestação da vontade troca das FARC, a qual exige a evacuação militar de Pradera e Florida por 45 dias, com presença guerrilheira e comunidade internacional como garantes, para pactuar com o governo nesse espaço a libertação dos guerrilheiros e dos prisioneiros de guerra em poder das FARC.

Internacionalismo

A.G e I.S: Quanto a uma visão mais internacionalista, a queda da URSS afectou negativamente o comunismo internacional. Acreditam as FARC que a retirada de Fidel como presidente do governo cubano afectará o socialismo cubano e em consequência o auge dos movimentos sociais latino-americanos e os governos de esquerda?

R.R.: A inesperada queda da URSS afectou negativamente boa parte dos Partidos Comunistas e sobretudo a construção socialista nos países da Europa teve um sério e longo retrocesso. O derrube do socialismo russo mostrou, sem lugar a equívocos, grandes falências ideológicas, políticas e estruturais desse modelo. Ao mesmo tempo que debilitou os partidos, também produziu no seu interior a depuração dos elementos farsantes e traidores que regressaram ao sistema capitalista sem vergonha alguma. Os Partidos e os seus militares de convicções sólidas mantiveram-se fieis ao acervo dos clássicos do Marxismo-Leninismo. Sem se deixarem confundir pela tormenta do capitalismo, que proclamava o fim socialismo, manteve-se Cuba, conduzida pelo seu Partido e o Comandante em Chefe dessa revolução triunfante. As FARC, representadas pelo Comandante Jacobo Arenas (falecido em Outubro de 1990) exprimiram com contundência a traição cozinhada na Rússia por Gorbachov após a enteléquia da perestroika e da glasnot. Dissemos naquela época, com a queda do muro de Berlim e do Socialismo, nem a fome, nem a pobreza, nem a miséria desapareceram entre os pobres, por isso a luta pela libertação dos povos e a construção socialista conserva plena vigência...

Hoje, tal como nesses temos, confirmamos mais uma vez que a opção da humanidade é o socialismo.

O Comandante Fidel Castro continua a iluminar, com luz própria e experimentada, a edificação do socialismo. O partido, seu povo e o novo chefe de Estado e de Governo de Cuba, avançam sem cessar pelo caminho traçado por Fidel e seus heróicos camaradas de luta.

História e conflito com o ELN

A.G e I.S: Há vários anos iniciaram-se diversos enfrentamentos entre o ELN e as FARC, em departamentos como Arauca, Nariño, Valle del Cauca e Cauca. Como sucedeu isso? Que repercussão teve quanto ao conflito contra o Estado uribista? E que solução vê as FARC?

R.R.: Na realidade, nada justifica os enfrentamentos armados entre o ELN e as FARC, por se tratarem de duas organizações revolucionárias comprometidas com a criação das premissas da luta pela conquista do poder político a fim de dar início à construção da sociedade livre de exploradores e sem explorados. Explicar os factores históricos de confrontação entre as duas forças é sumamente complicado neste espaço e de modo algum considero prudente atribuir toda a responsabilidade a uma das partes. No meu entender existe alguma culpa de parte a parte. O mais importante por agora é parar a confrontação entre revolucionários, assumindo em ambos os lados o compromisso de localizar os elementos infiltrados que alimentam o cizânia, a desqualificação, a falta de respeito a combatentes e massas, além de propalar rumores para aumentar hostilidades ou criá-las onde não existem. Estamos em vias de efectuar uma entrevista entre as duas chefias, para por fim a esta situação e fortalecer a unidade de acção, tendo em vista consolidar a luta contra o imperialismo e a oligarquia, pela nova Colômbia, a Pátria Grande e o Socialismo.

A.G e I.S: Em Setembro de 1987 criou-se a Coordenadora Guerrilheira Simón Bolívar, uma coligação entre diferentes grupos insurgentes (ELN, FARC, M-19, EPL, Frente Quintín Lame, MIR, PRT). Na actualidade, as FARC acreditam que seria positivo e possível realizar a re-criação da Coordenadora para unir o projecto revolucionário contra o governo de Uribe?

R.R.: A unidade da esquerda revolucionária, onde estão as guerrihas do EPL, ELN e das FARC, é uma necessidade de ordem estratégica. O nome de Coodenadora Guerrilheira Simón Bolívar insere-se exactamente dentro da nossa covicção bolivariana. Entretanto, o mais importante é superar a forma fatal de solucionar as diferenças.

A.G e I.S: As FARC fundaram-se como auto-defesas camponesas, mais tarde o seu objectivo foi a conquista do poder estatal para fazer a revolução socialista. Actualmente a táctica-estratégia parlamentar foi a mais utilizada na esquerda latino-americana desde a vitória de Hugo Chávez em 1999. Diante disto, as FARC continuam a defender a possibilidade de chegar ao poder mediante a luta armada-ataque ou só utilizam esta táctica como defesa da repressão, com possibilidade de futuras reformas de esquerda com um governo mais social-democrata?

R.R.: As FARC são uma organização político-militar que aplica a combinação de todas as formas de luta revolucionária para a conquista do poder. Coerente com esta definição de princípio, não subestimam a via eleitoral mediante uma grande coligação de forças anti-imperialistas bolivarianas, progressistas, revolucionárias, que mediante um programa de governo garanta a superação da crise, comprometa-se com a troca de prisioneiros e as saídas políticas para o conflito interno dos colombianos. Esta ideia está explícita na nossa Plataforma Bolivariana e no Manifesto firmado pelo nosso Secretariado, para um novo governo que garanta a paz com democracia e justiça social.

A.G e I.S: Nos anos 80, após as negociações de paz com Belisario Betancourt, fundou-se a União Patriótica como referente político da esquerda e a possibilidade de uma futura negociação de paz. Com a alta repressão e os milhares de assassinatos sofridos nas fileiras da UP, será que as FARC repensam a possibilidade de voltar a realizar a mesma estratégia como processo de paz?

R.R.: O genocídio a cargo do terrorismo de Estado contra a União Patriótica e parte considerável do Partido Comunista Colombiano demonstrou perante o mundo a intolerância e a criminalidade da classe governante do meu país, que além disso empurra os revolucionários a engrossarem as fileiras guerrilheiras para salvarem as suas vidas e manterem a luta política com as armas na mão. A UP foi liquidada a tiros pelos inimigos das saídas políticas. Facto que obriga a privilegiar o trabalho clandestino, como o Partido Comunista Clandestino e o Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia, cuja militância para subsistir e crescer mantém-se na clandestinidade.

Regionalismo revolucionário latino-americano

A.G e I.S: Como vêm a situação da América Latina, a partir da onda de governos progressistas na região, juntamente com outros directamente revolucionários?

R.R.: Observa-se na América Latina uma viragem positivo para a esquerda revolucionária com a liderança de governos anti-imperialistas, progressistas, independentes, bolivarianos, a caminho do socialismo, com o compromisso de cumprir o mandato do Libertador de proporcionar a maior soma de felicidade possível aos seus povos. A Colômbia não será a excepção. Como bolivarianos, em meio à confrontação com governo da ultra-direita fascista e paramilitar, vamos pelo mesmo caminho sem que ninguém nem nada o impeça.

A.G e I.S: Qual é o papel que deve cumprir a solidariedade internacionalista como muro de contenção frente à terrível problemática que vivem os povos da América Latina, os colapsos financeiros e as guerras, em momentos nos quais o império agrava os planos de desestabilização e a conhecida estratégia da CIDA e do Estado de Israel como factores de extrema periculosidade?

R.R.: O caminho está no fortalecimento da unidade anti-imperialista, progressista e da esquerda revolucionária com a finalidade de unir esforços, aprender com as experiências de cada lugar, para cerrar fileiras contra os sinistros planos dos impérios e das oligarquias crioulas, empenhadas em perpetuar-se no poder à custa da destruição das organizações e projectos políticos contrários às suas políticas de exploração, espoliação, enriquecimento ilícito, narcotráfico, corrupção, opressão, pobreza e miséria, vertidas sobre os povos do continente. Impõe-se incrementar o internacionalismo, como expressão de solidariedade de classe.

Muito obrigado,
Raúl Reyes

Montanhas da Col

lunes, 3 de marzo de 2008

'O império contra ataca mais uma vez!!!"

O Império mostra as suas garras
Em uma ação sem precedentes, nesse sábado, o Império estadunidense mexeu mais uma vez os seus peões no tabuleiro da vida.
O exército colombiano, chefiado pelo presidente Álvaro Uribe - o qual tem histórico de aproximação com narcotraficantes, inclusive Pablo Escobar -, invadiu território equatoriano para assassinar um dos representantes das FARCs, conhecido braço paramilitar de uma insurgência de esquerda no continente.
O alvo foi o porta-voz da guerrilha, Raúl Reyes, responsável, digamos assim, pelo contato diplomático dos insurgentes.
Equador e Venezuela já romperam suas relações com o território estadunidense de nome "Colômbia", colocando, inclusive, tropas nas fronteiras com o posto avançado do Império.
As primeiras tentativas de manipulação das informações sobre o ocorrido davam conta de que Reyes e mais 20 membros das FARCs teriam morrido em confronto, mas, à medida que os equatorianos foram novamente assumindo o controle de seu próprio território, outros pontos-de-vista vieram à tona.
Já se sabe que o acampamento foi bombardeado e que o número 2 da guerrilha morreu dormindo.
Alguns sobreviventes foram executados, como foi o caso de um corpo encontrado ao largo do local, crivado de balas nas costas.
Esta é mais uma ação de um Império que não tem medo de extrapolar autonomias territoriais e soberanias de Estados constituídos.
Se precisar invadir, invadem. Bombardear, bombardeiam.
A "limpeza" é feita na seqüência, pela própria mídia.
Como será que se desenrolará isso tudo, agora que há Estados fortes e bem instituídos como Venezuela e Equador envolvidos?
Que se aguardem os próximos capítulos...

extraido de: almadageral.blogspot.com