domingo, 20 de enero de 2008

sobre venezuela

Venezuela: Dicionário de eufemismos da oposição liberal

por James Petras

Nos nossos tempos, os discursos e os escritos políticos são em grande medida a defesa do indefensável... Assim, a linguagem política tem de consistir sobretudo de eufemismos, de circunlóquios e de imprecisões absolutamente turvas... Tal fraseologia é necessária se alguém quiser nomear as coisas sem apelar aos respectivos quadros mentais. George Orwell, "Politics and the English Language", em Why I Write.



O processo político venezuelano no período pós-referendo (após 02/Dezembro/2007) experimentou um debate de largo alcance, no qual têm participado tanto críticos como apoiantes do caminho venezuelano para o socialismo. A extrema-direita e o Departamento de Estado dos EUA têm focado exclusivamente aquilo a que chamam a reacção popular contra o "autoritarismo" do Presidente Chavez, a sua "agenda radical" e têm procurado explorar a ocasião a fim de desacreditar o Presidente através da sabotagem dos esforços de Chavez (apoiado pela França e a maior parte dos regimes latino-americanos) para negociar uma troca de prisioneiros entre as guerrilhas das FARC-EP e o regime de Uribe na Colômbia. Duas semanas após o referendo, o Governo Federal [dos EUA] fabricou um processo ligando o governo venezuelano a uma tentativa de financiar as eleições presidenciais na Argentina. A ofensiva de propaganda dos EUA e da extrema-direita falhou e atear qualquer resposta no interior da Venezuela e fracassou completamente.. Todos os principais aliados americanos na Europa (excepto a Inglaterra) e na América Latina (excepto o México e o Chile) repudiaram os ataques americanos contra Chavez.
O discurso político anti-Chavez que tem tido alguma repercussão na Venezuela e em outros países, especialmente entre liberais, políticos, activistas progressistas e académicos social-democratas, tem sido articulado por académicos venezuelanos ligados a ONGs financiadas por fundações estrangeiras e que se posicionam como "centro-esquerda". Uma leitura crítica textual dos escritos da centro-esquerda revela uma narrativa repleta de eufemismos, restrita à linguagem e retórica dos movimentos sociais mas que quando desconstruída revela uma hostilidade básica para com a análise de classe e a transformação social. Tal como George Orwell escreveu outrora, os intelectuais políticos são os mestres dos eufemismos, utilizando linguagens que obscurecem o significado de políticas reaccionárias. "A linguagem política é concebida para fazer com que mentiras soem verdadeiras e o assassínio respeitável, a fim de dar uma aparência de solidez ao simples vento" (George Orwell, Why I Write). A RETÓRICA LIGHT Os ideólogos académicos de centro-esquerda da Venezuela dominaram todo um repertório de eufemismos, os quais põem em acção para atingir objectivos políticos específicos: Unir tecnocratas e liberais incrementalistas no governo Chavez com a oposição liberal a fim de bloquear qualquer transformação social igualitária das relações de propriedade e da transição para o socialismo. Como declarou um dos mais ilustres estadistas e antigo ministro da Cultura de Cuba, Armando Hart, "A batalha de ideias é parte integral da luta pelo socialismo". Um primeiro passo para desmistificar a retórica da centro-esquerda corporificada na sua narrativa contra-revolucionária é aplicar a análise crítica a alguns dos eufemismos políticos chave que eles utilizam para atacar o governo Chavez e as suas políticas. Eufemismos são abusos de linguagem utilizados pelos professores anti-Chavez para obscurecer interesses ideológicos e de classe e as suas lealdades. Para os objectivos deste ensaio, seleccionei um texto de Edgardo Lander, um eminente sociólogo venezuelano e crítico das tendências revolucionárias no governo chavista. O seu ensaio "El Proceso político en Venezuela entra en un encrucijada crítica" é um exemplo excelente da utilização da linguagem política a fim de ofuscar as realidades políticas, confiando em eufemismos para dar "uma aparência de solidez ao que é puro vento". No período pós-eleitoral, os críticos de centro-esquerda pediram um retorno ao "pluralismo" como um antídoto ao "autoritarismo". "Pluralismo" é um eufemismo para uma sociedade de classe (múltiplas classes = plural), na qual a classe capitalista domina o sistema eleitoral ("partidos plurais" = dominação pelos capitalistas que os financiam). "Pluralismo" é um eufemismo comum utilizado pelos académicos burgueses porque é um conceito vago e abstracto que obscurece as questões dos donos da propriedade e da concentração dos meios de produção e de comunicação. Na realidade, não há nada "plural" quanto às democracias capitalistas, por qualquer medição de poder e riqueza. A existência de múltiplas classes, políticos e partidos conta-nos pouco ou nada acerca das relações sociais, concentração de poder e desigualdades de acesso ao Estado. DE QUEM É INDEPENDENTE UM BC? Os críticos académicos de Chavez escrevem acerca da "independência do Banco Central". Esta noção vaga e abstracta implora a pergunta: independência de quem e para que interesses e propósitos? Bancos Centrais que não prestam contas a responsáveis eleitos respondem aos mercados financeiros, ou mais precisamente aos banqueiros internacionais e locais e aos investidores. Isto é obviamente o caso em quase todas as democracias capitalistas onde a selecção dos governadores do Bancos Centrais é baseada nos seus laços, histórias e relacionamentos favoráveis ("confiança") com o capital financeiro internacional. Em contraste, um Banco Central sujeito ao controle de responsáveis eleitos pode ser influenciado pelos eleitores, pela opinião pública e por movimentos sociais que os pressionem por políticas monetárias favoráveis. Quando liberais objectam ao aumento do acesso das classes populares ao governo e à perda do monopólio da classe média em relação às verbas orçamentais do governo, eles recorrem a apelos a "políticas abertas". Isto é nomeadamente a reabertura das portas da frente da decisão política a conselheiros académicos liberais e social-democratas. "Políticas abertas" é um refrão apregoado frequentemente pelo Estado imperial americano quando as suas ONGs financiadas por fundações e redes políticas que pressionam pela "mudança de regime" consideram difícil avançar devido à maior vigilância para frustrar as suas operações de desestabilização. A questão evitada pelos críticos académicos é "aberta" para quem e "para que interesses políticos"? No caso da Venezuela, a "falta de abertura" real é em grande medida uma função do controle monopolista da oposição sobre 90% dos media electrónicos e impressos e do predomínio ideológico de académicos da oposição em universidades públicas e privadas e nas salas de aula (incluindo a Universidade Central da Venezuela). Em contraste, os sindicatos, associações comerciais, movimentos da sociedade civil de todas as tendências têm florescido durante a década Chavez – no que é talvez a mais vibrante expressão de "políticas abertas" no Hemisfério Ocidental. Nestas condições, o que significa então o apelo pelo recurso a "políticas abertas"? É simplesmente uma "defesa do indefensável" – a manutenção do controle monopolista privado dos mass media contra quaisquer tentativas de expandir e aprofundar o acesso popular e o controle sobre os meios de comunicação. Os académicos liberais não podem declarar simplesmente: "Não democratizem os media, nós defendemos o direito de os grandes conglomerados privados controlarem os media, incluindo o seu direito a incitar e defender golpes militares". Ao invés disso eles recorrem a eufemismos vazios como "políticas abertas" – com o efeito de desarmar o governo popular e minar suas tentativas de abrir o acesso dos mass media às classes populares e aos seus interesses. Uma das formas mais insidiosas dos esforços das classes dominantes americanas e europeias para minarem movimentos de massa autónomos é o financiamento, treino e proliferação das enganosamente auto-etiquetadas "Organizações Não Governamentais" (ONGs). Os críticos académicos liberais (CAL) do governo democraticamente eleito de Chavez reflectem e imitam a retóricas das ONGs – acusando a Venezuela de falta de participação popular e desencorajando "o debate aberto e democrático". Os CAL nunca consideram a anomalia de que os líderes das ONGs nunca sejam eleitos, que as suas propostas de financiamentos externos nunca sejam debatidas ou votadas pelos seus auto-designados beneficiários e que elas moldem as actividades a fim de induzir os doadores das elites estrangeiras a financiarem os seus salários em divisas duras e veículos 4x4, computadores portáteis e a sua "equipe de secretárias", etc... Os maiores inimigos da responsabilização democráticas são as ONGs que nunca são criticadas ou mesmo mencionadas nos escritos políticos dos CAL no "processo político" venezuelano. A influência difusa e a proliferação de ONGs não é um factor menor no "processo político", menos ainda na Venezuela. À escala mundial há mais de 100 mil ONGs a receberem mais de US$20 mil milhões de dólares/euros dos centros imperiais. Ao contrário das auto-nomeadas ONGs e dos seus líderes e conselheiros académicos liberais, o Presidente Chavez consultou o eleitorado uma dúzia de vezes em eleições livres e abertas. Os seus programas são financiados pelos contribuintes venezuelanos e sujeitos à aprovação ou rejeição de legisladores eleitos. Os académicos liberais ao invés de exprimirem abertamente a sua objecção ao crescimento radical do apoio de massa organizado e ao debate referente aos programas socio-económicos do Presidente Chavez, recorrem a eufemismos acerca do estilo "plebiscitário" de governação – esquecendo as autoritárias lições ditadas nas suas salas de aula estimuladas por administradores "eleitos" por um estreito círculo de professores com emprego vitalício. ESTRANHA AMÁLGAMA Alguns dos eufemismos mais em voga dos críticos académicos liberais são "anti-estatismo", "sociedade civil" e "economia de mercado". "Estatismo" evoca e está associado com uma poderosa estrutura vertical insensível que oprime e empobrece o povo, e que responde apenas a burocratas autoritários. Apesar de não haver dúvida que várias agências do Estado na Venezuela são ineficientes e falham na execução dos programas do governo (especialmente políticas redistributivas), apesar da propriedade pública e das políticas fiscais, especialmente a política energética tem conduzido a um vasto aumento do financiamento de serviços públicos (saúde, educação e distribuição de alimentos) para os 60% de venezuelanos com rendimento mais baixo. A oposição ao "estatismo" traz consigo uma estranha amálgama de liberais autoritários da extrema-direita (Hayek, Friedman), neoliberais social-democratas (Blair, Giddens, Lula, Sarkozy e seus seguidores venezuelanos) e anarquistas libertários. As principais fontes de financiamento dos think tank, jornais e investigações dos críticos do "estatismo" são a Fundação Ford, as Fundações Ebert e uma sopa de letras de siglas de outras instituições da classe dominante. A demonização do "Estado" é o que junta os ideólogos da extrema-direita e do centro-esquerda. Em nome da "liberdade" anti-estatista, das actividades sem restrições, desregulamentadas e vorazes de capitalistas privados nacionais, os monopólios, bancos e corporações transnacionais podem florescer. O Estado é a única instituição potencialmente capaz de conter, controlar e confrontar as corporações privadas gigantes. A questão fundamental não é o "anti-estatismo" mas a natureza de classe do Estado e sua responsabilidade para com a maioria do povo trabalhador. O mais oco e enganoso conceito manipulado pelos "anti-estatistas" críticos académicos liberais do Presidente Chavez é o de "sociedade civil" quando falam em "apoiar a sociedade civil contra o Estado". "Sociedade civil" é um eufemismo para sociedade de classe, é um conceito que oculta divisões de classe fundamentais, organizações de classe conflitantes e relações de exploração. Versões abastardadas de "Escritos da prisão", de Gramsci, onde os seus censores fascistas forçaram-no a adoptar uma linguagem de Esopo, foram adoptadas pelos académicos liberais ao escreverem acerca de uma homogénea (sem classe) "sociedade civil" contra o "Estado" (opressivo). Na Venezuela, a "sociedade civil" está longe de ser homogénea, como é evidente com as suas profundas divisões de classe, polarização política e o abismo entre estratos da maioria popular que apoiam o Estado (liderado por Chavez) as classes altas. O discurso de oposição à "sociedade civil" é um dispositivo retórico utilizado pelos burocratas das ONGs e elites académicas liberais para obscurecerem a sua prática de colaboração de classe, o seu apoio ao capital privado contra a propriedade pública e atraírem assim grandes ajudas monetárias dos seus patrocinadores imperiais. Um dos eufemismos mais habitualmente utilizados é a referência por parte dos críticos liberais e social-democratas das políticas de Chavez à "economia de mercado". Trata-se de outro esforços para dar uma aparência de solidez ao que é puro vento. Os mercados existiram durante milhares de ano por todo o mundo sob uma grande variedade de sociedades e economias – desde a tribal, feudal, escravocrata, mercantil, capitalismo competitivo e monopolista. Há mercados locais baseados em produtores de pequena escala e mercados mundiais dominados por menos de um milhar de corporações multinacinais e instituições financeiras. A utilização de "economia de mercado" evoca imagens falsas de transacções por produtores/países iguais, recordando um passado que nunca existiu. A real "economia de mercado" existente é dominada pela competição e cooperação em grande escala de monopólios, os quais penetram todas as economias não reguladas. O seu poder e exploração só pode ser contido por Estados nacionalistas ou socialistas que prestam contas a movimentos de classe organizados e ao planeamento central. Qualquer discussão honesta e leal deve colocar a questão das estratégias económicas e do papel do Estado e do mercado na sua apropriada moldura histórico-mundial: capital imperial, Estado nacional, movimentos e instituições com base de classe. Quando questões de democracia e participação são discutidas seriamente, o foco não deveria ser exclusivamente sobre Estados mas deveria incluir também associações influentes na sociedade. Não há qualquer discussão ou menção, por parte dos teóricos liberal democratas venezuelanos, da pluralidade de associações autoritárias, não participativas e dominadas pelas elite de negócios, organizações cívicas, conglomerados privados de media, partidos tradicionais e sindicatos. Os seus líderes são reeleitos repetidamente (alguns pela vida toda) sem discordância ou competição e nem mesmo consulta aos seus membros. Os académicos liberais, além de ignorarem a estrutura vertical profundamente autoritária das instituições dominantes na "sociedade civil", falham até mesmo em colocar a questão de como esta pluralidade da instituição ditatorial da elite é compatível com a democracia. A cegueira analítica e moral dos académicos liberais para com o profundamente enraizado domínio arbitrário sobre a cultura, a economia e a sociedade por parte desta elite anti-democrática é o outro lado da moeda da sua preocupação unilateral com o défice democrático em instituições públicas eleitas e em partidos, sindicatos e associações de moradores favoráveis a Chavez. A profunda falta de clareza dos críticos de Chavez e do expoentes da ideologia liberal está intimamente relacionada com o seu pressentimento de que falar claramente e com precisão desmascararia a sua defesa dos mercados capitalistas; a sua oposição ao "estatismo" como oposição à propriedade pública; o seu apoio a instituições autoritárias da elite é a sua defesa da "sociedade civil"; a sua oposição às iniciativas radicais com base de massa de Chavez é apresentada como "autonomia popular". O MICROSCÓPIO E O TELESCÓPIO Os métodos dos críticos académicos liberais são tão reveladores da sua política reaccionária quanto as suas mal disfarçadas lealdades à classe dominante. Eles utilizam o microscópio para detectar defeitos no tecido dos movimentos sociais pro-Chavez, eleitores e políticas do governo Chavez, e um telescópio para descrever a descarada intervenção e colaboração em grande escala e a longo prazo do Estado imperial americano com os seus aliados venezuelanos. As exigências liberais são direccionadas unilateralmente para um lado do processo político. Um profundo criticismo em relação às organizações de Chavez, mas não para com os estudantes e académicos que foram financiados pelas agências do Estado americano. Aparentemente, a académicos que aceitam dinheiro do National Endowment for Democracy não se deveria pedir para "repensar criticamente" a sua colaboração com uma potência imperial que se comprometeu a destruir instituições democráticas. Os críticos académicos liberais confiam em subjectivos mexericos anedóticos para alimentar o seu rancor anti-Chavez, ao invés de factos abertos ao público. Preferem especular sobre a "ambiguidade presidencial" quanto ao resultado do referendo ao invés de ouvir e observar o imediato e franco reconhecimento da derrota no referendo pelo Presidente Chavez. A linguagem política do eufemismo é destinada a fazer com que mentiras soem verdadeiras, tornar a regra da exploração de classe respeitável e dar à retórica liberal-democrata a aparência de solidez. Este breve inventário do eufemismo é concebido para desmascarar as ideologias do anti-chavismo "light" e estimular o avanço do socialismo venezuelano.
05/Janeiro/2008 O original encontra-se em www.abpnoticias.com/boletin_temporal/contenido/articulos/petras_eufemismo.html Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

viernes, 18 de enero de 2008

criminalização dos movimentos sociais

Risco de massacre de sem terras no Rio Grande do Sul
17/01/2008
Brasil - Rio Grande do Sul - Movimento Popular

Mais de 1.200 sem terras estão cercados por um contingente fortemente armado de 700 policiais civis, militares, incluindo uma equipe do BOI, que alegam ter sido mobilizados para cumprir um mandado judicial que manda buscar e apreender um anel sem especificação, uma máquina fotográfica sem especificação e uma quantia em dinheiro que teriam alegadamente sido roubados da Fazenda Guerra.

Os sem terra, que encontram-se em seu XXIV Encontro Estadual do MST, reunidos na Fazenda Anonni, que comemora 20 anos em 2008 como primeiro assentamento conquistado pelo movimento na luta pela reforma agrária no Rio Grande do Sul, dizem que não permitirão a criminalização do movimento nem a invasão de um território consolidado da reforma agrária.

A direção estadual do MST e o grupo dos assentados estão sem comunicação com a imprensa, por impedimento da polícia. Há mais de 200 crianças no local e o risco de massacre em caso de invasão com resistência é iminente. Neste sentido, estamos mobilizando toda a imprensa gaúcha, brasileira e internacional para que testemunhem os abusos de poder e a perseguição aos sem terras que está sendo patrocinada pelo governo Yeda Crusius (PSDB-RS). Para contatar os sem-terras encurrados na Fazenda Anonni, ligar para os fones (51) 9635-6297 ou (51) 9697-1712.
http://www.esquerdasocialista.org/site2006/site/?inc=noticia_mostra&cod_noticia=772

jueves, 17 de enero de 2008

balanço de governo

DEBATE ABERTO
Um ano de Yeda Crusius: qual o balanço?
O governo Yeda Crusius foi eleito com um discurso baseado em três conceitos: novo jeito de governar, fazer mais com menos e transparência na gestão. Ao final do primeiro ano, esses três conceitos foram bombardeados pelos próprios atos do Executivo.
Marco Aurélio Weissheimer
Quando Yeda Crusius (PSDB) assumiu o cargo de governadora do Estado no dia 1° de janeiro de 2007, em uma cerimônia realizada no Palácio Piratini, ocorreu uma pequena gafe com a bandeira do Rio Grande do Sul, sem maiores repercussões. Yeda foi comemorar a posse, na sacada do palácio, com uma bandeira do RS nas mãos. Com as duas mãos, mostrou-a a seus apoiadores que estavam na rua. A bandeira estava virada de cabeça para baixo. Se olharmos para esta cena hoje, ela aparece como um símbolo profético do que estava por vir nos próximos meses.A vida política do RS foi virada de cabeça para baixo, presenciando cenas “nunca antes vistas na história deste estado”, para usar uma expressão cara ao presidente da República. As surpresas iniciaram mesmo antes da governadora tomar posse, com a briga pública entre ela e o vice-governador, Paulo Feijó (DEM).Logo após a campanha eleitoral, Feijó denunciou que havia sido censurado durante a campanha e impedido de expressar suas opiniões favoráveis às privatizações. Na campanha, reproduzindo o discurso utilizado pelo candidato tucano à presidência da República, Geraldo Alckmin, Yeda Crusius prometeu que não iria privatizar patrimônio público no RS. Além disso, prometeu que não iria propor aumento de impostos, dizendo que essa era uma prática do “velho jeito de governar”.Mesmo antes de assumir, em dezembro de 2006, ela apresentou um projeto de aumento de impostos à Assembléia Legislativa. Feijó e um conjunto de aliados de Yeda rebelaram-se e fizeram oposição a um governo que sequer havia começado. O projeto de tarifaço acabou derrotado, cena que iria se repetir menos de um ano depois, quando uma nova proposta de aumento de impostos foi derrotada na Assembléia. As marcas do novo jeito de governarO atual governo foi eleito com um discurso baseado em três conceitos: novo jeito de governar, fazer mais com menos e transparência na gestão pública. Ao final do primeiro ano, esses três conceitos foram bombardeados pela realidade dos próprios atos do Executivo. O “novo jeito de governar” acabou traduzido por uma sucessão de conflitos em áreas estratégicas do serviço público: Segurança, Educação e Meio Ambiente.Apresentado, nos primeiros meses, como uma vitrine desse novo jeito de governar, o secretário de Segurança, Ênio Bacci (PDT), acabou sendo demitido em meio a uma troca de denúncias envolvendo ele próprio e o delegado de polícia, Alexandre Vieira. Na área ambiental, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) também foi palco de denúncias e demissões. Na Educação, a crise do transporte escolar e a proposta de enturmação marcaram os primeiros meses de governo.A fragilidade maior do principal conceito do governo Yeda acabou revelando-se mesmo na relação que estabeleceu com sua própria base aliada na Assembléia Legislativa. A derrota estrondosa que o governo sofreu na segunda tentativa de aprovar uma proposta de aumento de impostos, em novembro de 2007, escancarou a incapacidade do Executivo de fazer valer a maioria que tem no Parlamento.Partiram de deputados aliados do governo as mais duras críticas e reclamações sobre falta de diálogo e negociação por parte do Palácio Piratini. No final, sobraram palavras duras como “traidores” e “traíras” para os deputados da base aliada que votaram com a oposição. A derrota na Assembléia obrigou a governadora a rever toda sua estratégia política de governo e implementar uma reforma no secretariado ao final do primeiro ano de governo, para tentar recuperar alguma força política no Parlamento.“Fazer mais com menos”O conceito de “fazer mais com menos” também sai enfraquecido ao final do primeiro ano de governo. A queda na qualidade dos serviços públicos, motivada pelo corte linear de 30% no orçamento de todas as secretarias, transformou o Palácio Piratini em um palco de protestos de servidores públicos.A área da Segurança é um exemplo dramático. O governo conseguiu a façanha de unificar todas as associações de classe da Brigada Militar e a Polícia Civil. Policiais civis e militares já fizeram marchas, paralisações e operações-padrão para denunciar o sucateamento das instituições do setor e as precárias condições de trabalho. Segundo as associações da Brigada, mais da metade da frota de veículos de policiamento ostensivo está em situação irregular, com o seguro obrigatório vencido. Além disso, muitos policiais estão sendo obrigados a trabalhar com coletes à prova de balas com prazo de validade vencido.“Transparência na gestão”Por fim, o conceito de “transparência na gestão” chega ao final do ano torpedeado pelo escândalo do Detran. A Operação Rodin, desencadeada pela Polícia Federal, revelou um esquema de corrupção, que teria iniciado ainda durante o governo Rigotto, que causou um prejuízo de pelo menos R$ 40 milhões aos cofres públicos. Entre os presos na operação, nomes importantes do governo, como Flávio Vaz Neto (presidente do Detran) e Antônio Dorneu Maciel (diretor financeiro da CEEE), e um dos ex-coordenadores financeiros da campanha de Yeda, o empresário Lair Ferst. Na esteira do escândalo, surgiram novas denúncias de funcionários fantasmas lotados no governo e contratos firmados sem licitação. A conseqüência política desta sucessão de denúncias é a CPI do Detran, que já tira o sono do núcleo do governo. Em 12 meses, o “novo jeito de governar” surpreendeu, de fato, o Rio Grande do Sul, mas não exatamente como a governadora prometera.* Publicado originalmente no jornal Extra-Classe, do Sindicato dos Professores do RS (Sinpro)

domingo, 13 de enero de 2008

a economia em questão

CartaCapital

Os fantasmas de 2008
por Redação CartaCapital
Em sua coluna de estréia em CartaCapital, o economista Nouriel Roubini traça um cenário sombrio para este ano
A partir desta edição, e uma vez por mês, Roubini responderá a perguntas de CartaCapital

Economista-chefe do site de análises econômicas RGE Monitor e professor da Universidade de Nova York, Nouriel Roubini traça um cenário sombrio para 2008. A recessão nos Estados Unidos provocará uma desaceleração global, que deve perdurar até meados de 2009. Não haverá rota de fuga e o Brasil também sofrerá com a crise, apesar de em menor intensidade do que em 1999 e 2002.

CartaCapital: O senhor considera real a chance de o mundo viver um processo de estagflação em 2008?
Nouriel Roubini: A recessão nos Estados Unidos será inevitável, o que causará uma significativa desaceleração econômica global. O fenômeno da estagflação, no entanto, implica dois acontecimentos simultâneos. O crescimento tem de ser negativo e a inflação, subir para dois dígitos, por exemplo. Muitos economistas hoje estão preocupados com o aumento dos preços do petróleo e das commodities, principalmente agrícolas. Considero uma visão equivocada, porque só seria preocupante se houvesse um choque negativo do lado da oferta. Quando se pensa em petróleo, tais choques sempre foram provocados por eventos geopolíticos, como entre 1973 e 1981, com a invasão do Kuwait pelo Iraque. Hoje, isso só aconteceria se os Estados Unidos invadissem o Irã, com a alegação de risco mundial com a proliferação de armas nucleares. A possibilidade de isso acontecer agora é muito menor.

CC: O barril de petróleo a 100 dólares não representa um choque de oferta?
NR: Não, porque a desaceleração global provocará uma redução na demanda. Por essa razão, o que pode soar paradoxal, as forças inflacionárias perderão importância. Principalmente porque já há sinais de recessão nos Estados Unidos, com o desemprego elevado (5% em dezembro, a maior taxa em dois anos) e a conseqüente queda do consumo. Como reflexo, o mundo inteiro consumirá menos e assistiremos a uma redução bastante forte dos preços das commodities, incluindo o petróleo. Se minha análise estiver correta, haverá uma repetição do que ocorreu entre 2001 e 2003. Então, o Federal Reserve estava preocupado demais com a inflação e, no entanto, os preços caíram.
CC: O senhor considera que os bancos centrais deveriam direcionar seus esforços na solução da escassez do crédito?
NR: Sim. Deveriam se concentrar na liquidez e no fato de que já existe uma desaceleração da demanda, visível nos Estados Unidos, mas também presente na Europa, com a redução das vendas no varejo. Também continua o processo de estouro das bolhas imobiliárias no Reino Unido, Espanha e Irlanda, para citar três exemplos. Os principais índices que medem os preços das commodities agrícolas já estão 20% abaixo dos picos.

CC: Como o cenário global vai afetar o Brasil?
NR: Claramente, o Brasil está mais sólido do que nas crises econômicas do passado. Não haverá o mesmo impacto negativo de 1999 e 2002. Mas também é verdade que parte do sucesso do País se deveu à sorte, com o mundo todo em crescimento e a elevação dos preços, além dos juros internacionais baixos, que atraíram os investidores em busca de maior rentabilidade. O efeito para o País, com a recessão americana, virá primeiro pelo canal do comércio exterior, em razão da queda dos preços das commodities. Poderá haver ainda maior aversão ao risco, sempre associado aos mercados emergentes. Parte da melhora da situação fiscal e das contas externas brasileiras vai se perder. O Brasil terá certamente um déficit em conta corrente e uma piora no perfil fiscal.

CC: O pior ainda está por acontecer nos Estados Unidos?
NR: Sim. A recessão formal acontecerá neste ano, como produto da crise de crédito gerada pela bolha imobiliária. Haverá menos investimentos por parte das empresas, os cidadãos pouparão menos e consumirão ainda menos. Certamente, crescerá o nível de inadimplência de forma generalizada, e não só no segmento imobiliário. O risco se tornará mais evidente, pois muitas corporações emitiram títulos podres (junk bonds), sem qualidade. O dinheiro fácil e barato sumiu, resultado de alavancagem excessiva das instituições financeiras e do boom de crédito. Os balanços já começaram a mostrar prejuízos.

CC: É possível prever quanto esse novo ciclo, de crise, vai durar?
NR: Nos Estados Unidos, será mais longo do que as crises de 1991 e 2001, que duraram seis meses. Considero que a recessão será uma realidade nos quatro trimestres deste ano. A desaceleração no restante do mundo, pelas próprias características de contágio, deve se estender até a metade de 2009. Só se pode pensar em recuperação a partir de meados do próximo ano.

site: http://www.rgemonitor.com

sábado, 5 de enero de 2008

ENCONTRO REGIONAL DE ESTUDANTES DE HISTORIA - 2008 - PARANÁ/BRASIL


Domingo, 23 de Dezembro de 2007


CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIACOMISSÃO ORGANIZADORA X EREH SUL 2OO8FEDERAÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DE HISTÓRIAX ENCONTRO REGIONAL DE ESTUDANTES DE HISTÓRIA:AMÉRICA LATINA CONTEMPORÂNEA
Projeto apresentado pela COEREH,composta pelo Centro Acadêmicode História da Universidade Federaldo Paraná, e estudantes egressosdo curso de História da UFPR.
Curitiba – PR2008
1. APRESENTAÇÃOENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES DE HISTÓRIA – SULO Encontro Regional dos estudantes de História (EREH) se apresenta como um evento potencializador de debates acerca das diversas problemáticas sociais que permeiam a sociedade contemporânea. Constitui-se num fórum deliberativo de onde saem as principais bandeiras de luta a serem encampadas pelo movimento estudantil de história. Possibilita a interação entre aqueles que possuem em comum o interesse pela História, pautado no diálogo que fomente um repensar acerca da ciência histórica.Em seus espaços, dentro ou fora da programação oficial, ocorre uma integração marcada pela diversidade cultural e de idéias, possibilitando a troca de experiências entre os participantes.A organização do EREH sul se insere no compromisso de fortalecimento da Federação do Movimento Estudantil de História (FEMEH), especialmente da nossa regional-sul. Neste sentido se faz importante a rotatividade das escolas sedes do Encontro, ano a ano, escolhendo, a cada ocasião, escolas de um estado diferente da região sul do Brasil, dando, assim, maior dinamicidade para o compromisso já mencionado e também para o movimento estudantil de história na nossa região.Para 2008, a escola sede escolhida fora o curso de História da UFPR, em Curitiba, capital do estado do Paraná, que propôs ampliar a COEREH a partir da disposição de outras escolas, como UEL e UEPG, que deverão, então, contribuir para a construção e organização do evento.2. IDENTIFICAÇÃOX Encontro Regional dos Estudantes de História – EREH-SUL – Curitiba, PRTema: América Latina ContemporâneaPeríodo: Feriado da Páscoa.Local: a confirmar.2.1 COMISSÃO ORGANIZADORA (COEREH):Centro Acadêmico de História da UFPR e estudantes egressos do Curso de História da UFPR.
3. DADOS GERAIS
3.1 AbrangênciaRegião Sul do Brasil3.2 Público AlvoEstudantes/Profissionais de História;Estudantes/Profissionais de Áreas afins;Estudantes do Ensino Básico;Militantes dos Movimentos Sociais;Demais Interessados.3.3 InscriçõesA partir do dia xx de xxx até o dia XX de Março, a Comissão Organizadora do X EREH-SUL receberá Inscrições para interessados. Os detalhes:O valor e depósito:Art. 1° O valor da Inscrição com alimentação é de R$ XX,XX;Parágrafo único - A alimentação no X EREH-SUL se dará nos seguintes detalhes:a) Do dia 21/03/08 – Almoço e janta;b) No dia 22/03/08 – Café,almoço e janta;c) No dia 23/03/08 – Café e almoço.Parágrafo único – O limite de Inscritos com alimentação no Evento é de 250 participantes.Art. 2° O valor da Inscrição sem alimentação é de R$ XX,XX.Art. 3° Tanto para o Inscrito com alimentação, como para o Inscrito sem alimentação, será ao termino do Encontro, distribuído um certificado de participação geral do X EREH correspondente a determinada carga horária, contanto que o mesmo apresente uma freqüência de no mínimo 75% nos espaços do encontro.Art. 4° Sobre a conta:a) Banco xxxxx;b) Conta Corrente - xxxxx;c) Agência - Ag: xxxxx;d) AO EFETUAR O DEPÓSITO CONFIRMAR O NOME: xxxArt. 5° Posterior ao depósito, o interessado deverá pegar o comprovante de depósito e enviar juntamente com o formulário por e-mail para o endereço eletrônico – coereh2008@gmail.com;SOBRE A CONFIRMAÇÃO DE INSCRIÇÃO:Art.6° No prazo de 48h será enviado o cartão de Confirmação de Inscrição por via e-mail. Nesse cartão haverá o número da Inscrição e o nome do participante.Parágrafo único - O inscrito terá de guardar o cartão e apresenta-lo no credenciamento do X EREH-SUL, 21/03/08. Assim poderá adquirir o kit EREH-SUL 2008 e os Cartões de alimentação.Inscrições para alojamento:Art. 7º Aquele que se inscrever no X EREH-SUL, poderá optar por duas formas de alojamento:a) Sala de aula – Está modalidade é preferível para àqueles que virão em delegações. Para tal modalidade a COEREH oferece vaga para XXX participantes (com preferência a estudantes de outras cidades) até o encerramento do prazo das Inscrições!b) Área de Camping – A COEREH oferece XXX vagas para os participantes armarem barracas, na área destinada a ser camping. Em tal área, haverá banheiros químicos e segurança.Art. 8º Formulário de Inscrição:INSCRIÇÃO COM ALIMENTAÇÃO?( ) SIM. ( )Vegetariano.( ) NÃO.DADOS PESSOAIS(1) NOME -(2) SEXO -(3) CPF -(4) RG -(5) INSTITUIÇÃO -(6) TITULAÇÃO -ENDEREÇO(7) LOGRADOURO -(8) NUMERO -(9) COMPLEMENTO –(10) BAIRRO -(11) CEP -(12) MUNICIPIO -(13) UF -CONTATOS PESSOAIS(14)E-MAIL -(15)FONE – 0(XX) ( ) xxxx xxxx/ ( ) xxxx xxxx4. JUSTIFICATIVANa América Latina, após os processos de independência em relação às metrópoles européias no século XIX, se caracterizou um período de mudanças processuais no âmbito social e econômico. Ao término das ditaduras militares, ocorridas na maioria dos países Latino Americanos, iniciou-se um processo de liberalização da economia - como estava ocorrendo em grande parte do mundo - iniciado pelos Estados Unidos com o presidente Ronald Reagan, e na Inglaterra, com a primeira ministra Margareth Thatcher.Este processo, denominado neoliberalismo, objetivava acabar com o Estado de Bem-estar social, assumindo um papel de Estado mínimo quando para prover políticas públicas e máximo quando para restringir direitos dos trabalhadores. Em relação às questões sociais, e principalmente no que diz respeito à economia, estas deveriam, como no século XIX, ser comandadas somente pelo próprio mercado. Este Estado mínimo proposto por economistas, iniciou uma nova fase na sociedade latino-americana.A abertura de mercado e as privatizações, as quais ocorreram, principalmente, a partir da década de 90 nos diversos países da América Latina, contribuíram muito para aumentar os problemas sociais, nos quais já se observava crescimento durante as ditaduras e a crise dos anos 1980. Assim, a primeira reação contra estas medidas parte da sociedade, especialmente dos movimentos sociais, buscando sempre confrontar a política neo-liberal instalada.Assim, no fim da década de noventa e início do século XXI, através de eleições democráticas, alguns presidentes eleitos são marcadamente opositores a essa política neo-liberal, com fortes características de esquerda. Dessa forma, ocorre a promoção de uma política em defesa de suas soberanias nacionais, voltada para a América Latina, e contrária a privatizações, em alguns países, como a Bolívia, buscando a reestatizacão de setores fundamentais para a economia do país.No México, três milhões ocupam o Zócalo - a praça dos poderes em frente ao governo, quando as eleições foram fraudadas. Mas as fraudes eleitorais sempre ocorreram no México. No entanto, desta vez o povo se levantou para dizer não aceitamos mais. Oaxaca se insurge. A revolução no México foi iniciada.Na Venezuela, milhares foram às ruas para defender seu presidente e dizer um grande não ao golpe da direita.Na Bolívia, em duas ocasiões, a classe trabalhadora fez duas greves gerais e derrubou dois governos.No Equador em 2000, o povo entrou em Quito, os soldados entregaram as armas.Na Argentina, o colapso financeiro provoca uma insurreição. O Presidente de la Rua foge. O povo havia tomado as ruas.É notório o ascenso revolucionário entre a classe operária nesses países. Nesse sentido, a abordagem dos aspectos político-econômico-sociais mostra-se relevante dentro do X Encontro Regional dos Estudantes de História (EREH) 2008, bem como também os aspectos culturais, entendidos em sua diversidade dentro da América Latina, também importantes para a compreensão do processo histórico vivido na América Latina contemporânea.
5. OBJETIVOS5.1. Objetivo Geral:Promover a integração entre os estudantes de história do sul do Brasil.5.2. Objetivos Específicos:Problematizar e fomentar o debate acerca da América Latina Contemporânea em seus aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, vinculados mais especificamente a ascensão dos governos de esquerda nesse âmbito, através de palestras, grupos de discussão, oficinas e atividades culturais. Discutir, também, as implicações educacionais deste tema nos diversos níveis de ensino. Ampliar o movimento estudantil de história, através de debates e troca de experiências, visando o fortalecimento da regional sul da FEMEH.6. PROGRAMAÇÃOSexta-feira 21/03/0808:00 às 12:00 - Credenciamento/Mini-Cursos12:00 às 13:30 - Almoço14:00 às 16:30 - Plenária Inicial17:00 às 19:00 - Comunicações Livres/Oficinas19:00 às 20:00 - Jantar20:30 às 22:30 - 1º Mesa Redonda23:00 - Atividade CulturalSábado 22/03/0807:00 às 08:30 - Café da Manhã09:00 às 10:30 - GD Movimento Estudantil10:30 às 12:00 - GD Ensino da História12:00 às 13:30 - Almoço14:00 às 16:00 - 2º Mesa Redonda16:30 às 18:00 - GD Regulamentação da Profissão19:00 às 20:00 - Jantar20:30 às 22:30 - 3º Mesa Redonda23:00 - Atividade CulturalDomingo 23/03/0807:00 às 08:30 - Café da Manhã09:00 às 10:30 - GD Universidade12:00 às 13:30 - Almoço14:00 - Plenária Final
6.1 Mesas Redondas● 1º Mesa Redonda (Sexta-feira 21/03/08 – 20:30 horas)Tema: América Latina Contemporânea.Palestrante: Emir Sader (a confirmar)● 2º Mesa Redonda (Sábado 22/03/08 – 14:00 horas)Tema: Movimentos Educacionais na América Latina.Palestrantes:● 3º Mesa Redonda (Sábado 22/03/08 – 20:30 horas)Tema: O processo de formação da consciência da classe trabalhadora na América Latina.Palestrantes: Mauro Iasi (a confirmar), Daniel Feldmann (a confirmar), Claus Germer (a confirmar).6.2 Oficinas6.3 Comunicações livres6.4 Grupos de discussões e trabalhos – GD's6.4.1. Movimento estudantil6.4.2. Ensino de história6.4.3. Regulamentação da profissão6.4.4. Universidade6.5 Plenárias6.6 Atividades Culturais7. ESTRUTURA FÍSICAAs atividades do evento e o alojamento ocorrerão em uma escola no município de Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
por CAHIS - ufpr. Gestão 2007/2008 às 10:10 0 comentários

Relatoria do COREHI - SUL
COREHI - SUL
Data: 15/12/07.
Local: CAHIS - UFPR.
Curitiba - PR.
Presentes: Rebecca (CAHIS - UFPR), Mario (CAHIS - UFPR), Fabiano (DAH - FAPA)
Relatora: Rebecca.
Pauta:
- Informes;
- Organização do EREH/2008, UFPR/Curitiba. CAHIS/UFPR;
- Organização da FEMEH - SUL (articulação da comunicaão com os estudantes);
- Organização da ida ao ENEH/2008, em minas Gerais.
___________________________________________________
Informes:
Fabiano informa que a chapa DAH[re]ativo ganhou as eleições na FAPA. Também informa que tem tido dificuldades na articulação do MEH na faculdade devido as medidas impostas pela direção: eles só tem direito a uma passagem em sala por semestre e quer se fazer um plebiscito cujas perguntas colocam os alunos contra os alunos. Em Porto Alegre, a forma de cobrança do transporte coletivo mudou, os movimentos sociais estão se mobilizando contra essas mudanças que retiram direitos já conquistados.
Becca informa que houve no último semestre uma desarticulação do CAHIS - UFPR com relação ao MEH, e sua atuação se fez mais fortemente dentro do movimento estudantil geral da universidade, com destaque para a questão do REUNI. O CAHIS participou da ocupação da reitoria da UFPR que reivindicava um plebiscito para votar a adesão ou não ao REUNI. Aponta a necessidade de rearticulação para o próximo semestre para lutar contra o projeto apresentado pelo departamento de história para o REUNI o qual dissocia licenciatura do bacharelado e propõe mestrados profissionalizantes.
EREH:
Foi apresentado o projeto formulado pela COEREH para o encontro. Apresentou-se a situação em que se encontra a organização do encontro:
- houve grande dificuldade para encontrar um local onde sediar o encontro. Foi escolhido um colégio em pinhais, município metropolitano de curitiba, o qual, por ser distante do centro, diminuirá a evasão do encontro. Ainda há alguns problemas com relação à estrutura para banho, tentaremos conseguir também o ginásio da cidade que fica ao lado do colégio.
- com relação aos palestrantes, ainda não houve contato, apesar de os nomes estarem, em grande maioria indicados. Estes serão contactados por membros da COEREH. Além disso, Fabiano também sugeriu e se responsabilizou por contactar palestrantes, em especial com relação à educação na América Latina. Também destacou a importância da educação que se faz nos núcleos do MST.
- o preço do encontro ainda não foi definido, justamente pelas dificuldades de se definir o local, palestrantes e outros orçamentos. Entretanto se estima que o valor ficará entre 20 e 40 reais.
- a comunicação e a divulgação do encontro também foi discutida, destacando-se a importância destas para que o encontro seja abrangente e atue no sentido de organizar o MEH. A COEREH enviará convocatórias para todas as entidades de história pelo correio. A necessidade da divulgação se faz ainda que não tenhamos acertados o preço e os palestrantes. Ela se fará através da internet (listas de e-mail), com a criação de uma comunidade no orkut por membros do CAHIS UFPR e através do blog do encontro: http://x-ereh-sul.blogspot.com/. É importante que a divulgação do encontro se faça em cada universidade já no início do ano letivo, e durante as férias pela internet. A COEREH enviará cartazes para as universidades para divulgação.
- Fabiano sugeriu que se fizessem GDs específicos sobre a América Latina. Entretanto, visto o curto período do encontro, não é possível encaixar novos GDs na programação mantendo os já existentes GDs (movimento estudantil, o ensino de história, regulamentação da profissão, universidade). Além disso, vemos como essencial a existência desses GDs para que a discussão política e a articulação do MEH aconteça dentro do encontro. Soma-se a isso, ainda, a existência de 3 mesas sobre a América Latina, as quais poderiam contemplar a necessidade de debate acerca desses temas.
- Fabiano sugeriu que se formassem comissões para tarefas tais como a alvorada, o café da manhã e a limpeza do encontro, idéia a qual já vinha sendo discutida pela COEREH. Entretanto, desde que seja economicamente viável, preferiremos que a limpeza se faça por alguém contratado para que os integrantes do encontro possam participar dos espaços ao máximo. Se a contratação de limpeza se mostrar inviável, as comissões funcionarão no sentido de não concentrar essas funções na COEREH, mas dividí-las de maneira a todos poderem participar do encontro e despertar esse senso de responsabilidade pelo espaço por todos os participantes.
- Fabiano destacou ainda a importância de ações práticas, extenção, do encontro para a sociedade. Apesar de não haver nenhum ato previsto na programação do encontro, os GDs propostos vem justamente no sentido de suscitar a discussão acerca dessas ações práticas: através do ME, discutindo a concepção de universidade, sua conexão com a sociedade.
- Foi colocado também a essencialidade de haverem pré-EREHs em cada universidade. Esses deveriam acompanhar um trabalho de discussão dos temas a serem discutidos no encontro, para que a discussão possa ser aprofundada no decorrer do evento, bem como contemplar explicações sobre o ME em geral e o funcionamento de um encontro estudantil (dicas do que levar, o que é cada sigla).
- Fabiano falou de como a conversa e integração das delegações também auxilia na integração destas ao encontro todo.
- Além disso falou-se da necessidade de os CA's realizarem campanhas financeiras para a vinda ao encontro.
Ida ao ENEH:
Destacou-se a necessidade de divulgação do encontro bem como a articulação para uma campanha financeira para a ida até Minas. Além disso, mais uma vez foi colocada a importância do pré-eneh.
FEMEH:
Fabiano colocou a necessidade de articulação com as pessoas que, muitas vezes, nem sabem o que é a FEMEH-SUL.Saiu do COEEHI-RS um indicativo de evento em Porto Alegre com bandas e intervenções do ME para Março. Este evento congregaria todos os estudantes da região sul. Entretanto, visto que o indicativo de data se aproximaria muito do EREH, poderia representar um fator de desmobilização para o encontro. Assim, pensou-se em organizar eventos estaduais ou mesmo em cada universidade, com a temática de mobilização para o EREH-2008.
Fabiano ainda trouxe a possibilidade de pessoas irem pela FEMEH a outras cidades onde não ainda integração a federação para formação do MEH.Saiu do COEEHI-RS também a articulação da FEMEH pela internet e por um periódico mensal (cuja primeira edição será feita por Santa Maria). Também foi colocada a importância de espaços como o COREHI.
Como forma de viabilizar atividades da FEMEH, discutiu-se campanha financeira. Farão-se camisetas da FEMEH-SUL. A quantidade, estampa e o orçamento das camisetas será discutido na lista da FEMEH, havendo o indicativo de estar tudo fechado para o início das aulas em 2008.
por CAHIS - ufpr. Gestão 2007/2008 às 09:53 0 comentários
Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007

CONVOCATÓRIA PARA O COREHI SUL
FEDERAÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DE HISTÓRIADIRETÓRIO ACADÊMICO DE HISTÓRIA – DAH/FAPACONVOCATÓRIA PARA O CONSELHO REGIONAL DE ENTIDADES DE HISTÓRIA – COREHI/SUL
O DAH/FAPA – Diretório Acadêmico de História RE-ATIVO/FAPA e a FEMEH – Federação do Movimento Estudantil de História, convocam os CA's e DA's de História de toda região sul a participarem do COREHI - Conselho Regionla de Entidades de História–SUL – a realizar-se no dia 15 de Dezembro de 2007 na Universidade Federal do Paraná/UFPR.
ORGANIZAÇÃO:
Conforme as resoluções do último conseslho regional de História , que o ocorreu no Encontro Nacional em Mato Grosso ENEH/UFMT, realizado de 02 a 09 de sembro na Universidade Fderal de Mato Grosso , convocamos a todos membros dos diretórios acadêmico e estudantes enteressado em estarem organizando o próximo encontro Reginal de História e a organizar o movimento estudantil de História da região sul. Pois as lutas que teremos que enfrentar durante o ano de 2008 como educação pública e popular, abertura dos arquivos da ditadura e as lutas com os movimentos sociais só poderão ser construídas coletivamente e com o extremo contato entre os DA’s e CA’s.
O Conselho acontecerá no dia 15, das 10hs às 17hs, com previsão de pausa para almoço das 12:00h às 13:30h. O custeio da alimentação fica por conta de cada entidade e estudantes com o lugar a ser definido. Caso for necessário haverá estadia para os participantes do conselho.
A pauta deverá ser vencida até o horário proposto devido ao fato de não termos alojamento para os participantes.
O local do COREHI será no Centro Acadêmico de História da UFPR, Campus Reitoria, localizado na Rua General Carneiro, 460 – Edificio Dom Pedro I, 6º Andar, Centro - Curitiba/PR. Rua do Mercado Municipal, em frente a rodoviária.
SUGESTÃO DE PAUTA:Ø Informes;Ø Organização do EREH/ 2008, UFPR/Curitiba. CAHIS/UFPR;Ø Orgnaização da ida ao ENEH/2008, em Minas Gerais;Ø Organização da FEMEH – SUL (articulação da comunicação com os estudantes);
Ø Articular uma atividadede no inicio do semestre que congregue todos estudantes, DCE, D’As/C’As do movimento estudantil da HistóriaObs: a pauta proposta poderá ser rediscutida durante o COREHI. Portanto, existe a possibilidade de mudança, inclusão ou exclusão de pontos da mesma.
DIRETÓRIO ACADÊMICO DE HISTÓRIA RE-ATIVO - DAH/FAPA“NÃO VIEMOS ATÉ AQUI PARA DESISTIR AGORA”Contato: 92333691. João/DAH/FAPA.Endereço eletrônico: dahmafalda@gmail.com
por CAHIS - ufpr. Gestão 2007/2008 às 18:17 0 comentários
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Comissão organizadora
CAHIS, ufpr. gestão 2007/2008 http://cahisufpr.blogspot.com

EREH SUL no Orkut:
Entre na comunidade do X EREH SUL no Orkut.

Contato:
coereh2008@gmail.com

Programação
Sexta-feira 21/03/0808h: Credenciamento/Mini-Curso12h às 13h30: Almoço14h: Plenária Inicial17h: Comunicações/Oficinas19h às 20h: Jantar20h30: 1ª Mesa Redonda23h: Atividade CulturalSábado 22/03/0807h às 08h30: Café09h: GD Movimento Estudantil10h30: GD Ensino de História12h às 13h30: Almoço14h: 2ª Mesa Redonda16h30: GD Regulamentação da Profissão19h às 20h: Jantar20h30: 3ª Mesa Redonda23h: Atividade CulturalDomingo 23/03/0807h às 08h30: Café09h: GD Universidade12h às 13h30: Almoço14h: Plenária Final

Comunicações livres (apresentação de trabalhos)
Os(as) proponentes deverão estar devidamente inscritos no X EREH Sul, sendo obrigatório o envio da proposta de comunicação para o e-mail coereh2008@gmail.com, contendo as seguintes informações:- Nome do(a) proponente.- Instituição.- Título (centralizado e negrito).- Resumo (máx. 350 palavras).- Palavras-Chave (mínimo 2, máximo 4)Formatação: fonte Arial, tamanho 12, espaçamento 1,5.Os trabalhos deverão ser da área de história e a apresentação será limitada em 15 minutos. Sua aceitação fica condicionada à existência de vagas. Caso o número de proponentes for maior do que as vagas, a COEREH fará a seleção de acordo com a proximidade do tema do encontro.

Oficinas e mini-cursos
As propostas de oficinas e mini-cursos a serem realizadas no X EREH - Sul deverão ser enviadas para o e-mail: coereh2008@gmail.com , contendo as seguintes especificações:- Título/tema.- Nome do(a) ministrante/oficineiro(a).- Instituição.- Objetivos .- Resumo das atividades/programa. (máximo 20 linhas)- Número limite de vagas.

Alimentação
Haverá alimentação com opção vegetariana para quem sinalizar na ficha de inscrição.

Histórico
Histórico Dezembro (3)

EREH SUL no orkut.
ECEH 2008
CAHIS UFPR

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Laj"egeh"ado - 2007 - Africa Diversidade e cultura


Amigo é coisa para se guardar.De baixo de sete chaves.Dentro do coração.Assim falava a canção que na américa ouvi.Mas quem cantava chorou.Ao ver o seu amigo partir.Mas quem ficou, no pensamento voou.Com seu canto que o outro lembrou.E quem voou, no pensamento ficou.Com a lembrança que o outro cantouAmigo é coisa para se guardar.No lado esquerdo do peito.Mesmo que o tempo e a distância digam não.Mesmo esquecendo a canção.O que importa é ouvir.A voz que vem do coração.Pois seja o que vier, venha o que vier.Qualquer dia, amigo, eu volto.A te encontrar.Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar. Nessa foto há uma curiosidade que não é o estilo das pessoas. Estão sorrindo várias pessoas, seres humanos, para muitos loucos, para outros muitos fruto da esperança de um mundo melhor.

vale a pena ler esse periodico

2007: A profecia se fez como previsto
Há uma década, os Racionais lançavam Sobrevivendo no Inferno, seu CD-Manifesto. O rap vale mais que uma metralhadora. Os quatro pretos periféricos demarcaram um território, mostrando que as quebradas são capazes de inverter o jogo, e o ácido da poesia pode corroer o sistema
Eleilson Leite
Uma década se passou e a profecia anunciada pelos Racionais MC’s vem se confirmando a cada ano. Em 1997, Mano Brown, Ice Blue, Edy Rock e KL Jay trouxeram ao mundo uma obra que marcou o rap nacional em definitivo e lançou as bases do que, hoje, chamamos de Cultura de Periferia. Estou falando do CD Sobrevivendo no Inferno. Esse disco alçou o grupo à condição de maior representante, no Brasil, de um gênero musical que renovou a música no planeta. Pode observar. Quando algum artista quer dar uma roupagem moderna às suas canções, o produtor bota lá uns scratches, faz uma colagem com letras de rap ou tenta copiar os manos que dominam a composição rimada e ritmada do rythman and poetry.
Mas a qualidade artística de Sobrevivendo no Inferno é apenas um lado desse marco. O CD é um manifesto. Do começo ao fim, canção por canção, os Racionais vão compondo a carta de intenções do gueto. Uma declaração de revolta — revide de quatro sobreviventes. Suas armas? O rap que vale mais do que uma rajada de metralhadora. Com seu “verso violentamente pacífico” os quatro pretos periféricos demarcaram um território, até então, definido apenas pela concentração da pobreza, violência e descaso das autoridades.
Nesse disco, os Racionais mostraram uma periferia poderosa, capaz de reverter o jogo. Uma periferia altiva, consciente de sua condição social e do quanto lhe foi negado. Um povo que, durante décadas, foi amontoado nos arrabaldes, volta-se agora contra os que a empurraram pro gueto. “A fúria negra ressuscita outra vez…”, anuncia Mano Brown. E vestidos com “as roupas e armas de Jorge”, esses quatro jovens, na faixa dos 27 anos, convocavam, na época, todo povo pobre do Brasil. “Periferia é periferia em qualquer lugar”, dizia Edy Rock em inspirada canção. Estava decretado o orgulho e a exaltação do ser periférico.
Com mais de 1 milhão de discos vendidos oficialmente (e, pelo menos, a mesma quantidade reproduzida, digamos, extra-oficialmente...), esse poderoso manifesto, até hoje, cala profundamente e ainda vai influenciar multidões. Os Racionais mostraram que a poesia pode corroer o sistema, constranger as elites. Um ano depois de lançar o Sobrevivendo no Inferno, o grupo ganhou o Vídeo Music Award da MTV com o clipe da canção mais famosa do disco — Diário de um Detento. Surpreendendo a todos, ao aparecer para receber o troféu Mano Brown disparou: “dedico este prêmio a minha mãe que me criou lavando muita roupa suja de playboys como vocês…”.
Não, Mano, o sistema não está sob teus pés. Mas a periferia tornou-se altiva, admirada, consicente de sua condição e do quanto lhe foi negado
Em uma das faixas do CD, a que mais gosto, Estou ouvindo alguém me chamar, a letra fala de um jovem que se inicia no mundo do crime. Seu batismo foi num assalto a uma butique do Itaim. “Todo mundo pro chão, pro chão, o cofre já estava aberto, o vigia tentou ser mais esperto…”, e por aí vai. Em tom reflexivo, vem conclusão dessa parte da história: “Pela primeira vez eu vi o sistema aos meus pés, apavorei, desempenho nota 10”. Imagino que o Mano Brown e seus amigos, diante daquela platéia de brancos bem-nascidos no evento da MTV, tenham pensado o mesmo. De repente, diante dele, centenas rapazes e moças de bochecha rosada aplaudindo-o por ter feito um clipe falando do massacre de 111 presos, quase todos pretos, todos pobres, gente encarada pelo Estado como entulho. Não, Mano Brown, o sistema ainda não está sob seus pés. Como você próprio diz, és um “efeito colateral que seu sistema fez…”. Mas os Racionais abriram um caminho. Como é dito no CD/Manifesto: “eu sou apenas um rapaz latino-americano apoiado por mais de 50 mil mano…”.
Penso que a “base social” dos Racionais tenha multiplicado- se pelo menos dez vezes. Depois de Sobrevivendo no Inferno, veio o Ferrés, mostrando que na Favela tem escritor de qualidade. Surgiram o Samba da Vela, o Sarau da Cooperifa e outros tantos movimentos que engrandecem a periferia. A última canção do disco chama-se Salve. Nela, os músicos dos Racionais citam mais de 60 quebradas: Jardim Ângela, Jardim Ebrom, Vaz de Lima, Vila Calu, Grajaú, Cidade Tiradentes, São Mateus, Brasilândia etc. São regiões da metrópole paulistana que só apareciam nas páginas policiais e nos registros dos detentos nas delegacias e no extinto Carandiru. Mas hoje, caros racionais, graças ao talento e à firmeza ideológica, para usar uma expressão cara ao MST, de artistas como vocês, esses bairros periféricos aparecem, cada vez mais, como redutos de uma arte original, bela e comovente.
Não por acaso surgiu a Agenda Cultural da Periferia. O movimento cultural já justifica um Guia próprio. Uma novidade surgida em 2007 que nos enche de orgulho. De São Mateus, vem o melhor disco de samba do ano com o registro fonográfico do Berço do Samba de São Mateus. Um dos projetos literários mais interessantes do ano é a Coleção Literatura Periférica, da Global Editora, que trouxe, nos três primeiros volumes lançados neste ano, Sergio Vaz, Sacolinha e Alessandro Buzo. O Sacolinha já foi escolhido para a Jornada Literária de Passo Fundo do ano que vem. O Vaz recebeu proposta para traduzir sua obra na França. O Buzo logo será assediado por cineastas em busca de uma história original, veloz e instigante. E para 2008 teremos mais.
Dez anos depois, a profecia se cumpre outra vez. Neste grande ano, o exemplo maior, entre tantos outros, da força da cultura suburbana, foi a realização da Semana de Arte Moderna da Periferia, realizada em novembro, liderada pelo Sarau da Cooperifa. Nesse evento, o povo do gueto mostrou bem o que diz o belo samba interpretado por Beth Carvalho: “da fruta que eles gostam, eu como até o caroço…”. Salve Racionais MC’s. Salve Periferia. Que 2008 tenha muito mais arte. Não tenho dúvida. Por meio da cultura, pode-se virar o jogo.

a flor e a nausea


A Flor e a Náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas,Vou de branco pela rua cinzenta.Melancolias, mercadorias espreitam-me.Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me'?Olhos sujos no relógio da torre:Não, o tempo não chegou de completa justiça.O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.O tempo pobre, o poeta pobrefundem-se no mesmo impasse.Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Sob a pele das palavras há cifras e códigos.O sol consola os doentes e não os renova.As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.Vomitar esse tédio sobre a cidade. Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado. Nenhuma carta escrita nem recebida. Todos os homens voltam para casa. Estão menos livres mas levam jornaise soletram o mundo, sabendo que o perdem.Crimes da terra, como perdoá-los? Tomei parte em muitos, outros escondi. Alguns achei belos, foram publicados. Crimes suaves, que ajudam a viver. Ração diária de erro, distribuída em casa. Os ferozes padeiros do mal.Os ferozes leiteiros do mal.Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.Ao menino de 1918 chamavam anarquista.Porém meu ódio é o melhor de mim.Com ele me salvoe dou a poucos uma esperança mínima.Uma flor nasceu na rua!Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotadailude a polícia, rompe o asfalto.Façam completo silêncio, paralisem os negócios,garanto que uma flor nasceu.Sua cor não se percebe.Suas pétalas não se abrem.Seu nome não está nos livros.É feia. Mas é realmente uma flor.Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tardee lentamente passo a mão nessa forma insegura.Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. (Carlos Drummond de Andrade)

simplesecomplexo